02/12/2017

O POSSÍVEL E O ETERNO

Há temas que não parecem cômodos para discussão. Ciência e religião, dos provocantes. Não digo que a filosofia foge à regra. O que pensamos e observamos, o que lemos e ouvimos, é prensado em teorias. Mesmos quando se reprime a tendência em conceituar, há uma epistemologia por trás. Tudo que passa pela razão presta-se a posições de atitude e comportamentais. Uma convicpão chega a ser exaltada face a outra. Noto que certa visão vai se tornando comum no bate-boca cotidiano: “sou agnóstico”. Ao se declarar partidário do agnosticismo, lava-se as mãos. Não interessa o que foge à ciência positiva e às questões metafísicas e religiosas. É quando não interessa se comprometer com nada. Mais severo ainda é dizer-se niilista. “Realidade substancial”?... O que é isto? “Niilista não crê em valores morais ou políticos, nem lhe interessa a declaração de racionalista ou amante da objetividade. Conheço quem até chega a “cuspir” nos que consideram frágeis ou ingênuos. Vamos com calma sem rotular ninguém como puro bandido ou puro anjo de bondade e candura. Não existem sábios nem santos. Mesclar tipos é próprio da natureza humana inconfessável. Atribui-se a outros os próprios problemas. O que me chateia é quando o sujeito se radicaliza numa carantonha assustadora: “Sou assim e não abro mão”.
Sem pretender convencer ninguém, para mim mesmo sei que ciência é ciência de possibilidades. Para um certo número de fenômenos, entendo que há certezas. Mas certezas não são pasto para a eternidade. Comum sempre provisórias. Pensando em religião vejo a tendência de se crer num Deus celestial, aquele que tira a responsabilidade de nossas mãos.
Você pode preferir conhecer sem saber do que ter de explicar certas coisas. O conhecimento e a percepção incluem o aspecto emocional. Se a gente  quer ver para crer, ver não é enxergar. O que realmente capta é o córtex visual, atrás do cérebro, como uma câmera. 
Matéria física? Até o núcleo que imaginamos denso, núcleo do átomo, aparece e desaparece da existência como elétrons (partículas dos átomos e moléculas). Então, objetividade, é pouco mais do que uma palavra fácil. Diz pouco ou quase nada.
Do processamento de 400 bilhões de bits de informação por segundo, só tomamos conhecimento de 2 mil. Toda emoção é química impressa. A farmácia mais sofisticada do universo está dentro de nós.
Quando Spinoza fala que conhece Deus, ele não precisa dar explicações. O fator religioso de que Deus inclui todos os espíritos e todas as coisas significa que não dá para definir. A atribuição de que é o sentido de tudo, isso ainda se faz insuficiente.
“Fé raciocinada”, seja na religião, seja na ciência, nada esgota. Acontece que temos uma parte espiritual em nosso cérebro, dando sopa. Acessá-la pela intuição? Algo involuntário, como no processo de individuação (Jung)? Negar a espiritualidade é supor algo que está além... Não se trata de círculo vicioso. Da mesma forma que a vida é romance sem enredo (Pedro Nava), ela caminha na circularidade. Mais do que pregar concretude, a vida sonha. Nada é estável, senão na mobilidade. Paradoxo? Só que nessa dualidade há um abrangente (paradigma) e um agente (aqui o problema, quando encontrado). E ambos podem mudar de posição, sempre integrados, ou seja, interagindo. Maniqueísmo, já era! Não existem ideias absolutamente claras e distintas, como as do discurso cartesiano. Ao definir, nunca esgotamos o definido. O jogo do abrangente e do agente pode virar um objetivo vital. Se “navegar é preciso”, optar também o é.
No lúdico temos a ida e a volta, um contém o oposto, este  em menor proporção, espécie de jovem yin e jovem yang. Ambos chegam a crescer, um se sobrepondo ao outro, pelo menos por algum tempo. “Fé raciocinada”, “escolhas inteligentes”, gravitam diante do que determinamos como abrangente ou agente. É a vida, adquirindo sentido, seja com a ciência, seja com a religião. Na filosofia cabe aceitar física e metafísica como boas irmãs.
Se você concluir que o dentro e o fora são uma coisa só, é só acrescentar o “mais sim” e o “mais não”.
Pensamento afeta as moléculas da água, o que já foi provado. Se 90% do  corpo humano é composto de água, imagine o que nossos pensamentos podem fazer conosco. O que ocorre com o bombardeio televisivo e da mídia, das postagens na internet e dos meios publicitários em nossa psique (totalidade corpo/mente)?... 
É possível acessar passado e futuro. Nossas ações do presente afetam e são afetadas por tais etapas e dimensões.
Se a finalidade do homem é participar de um todo, ele também é responsável por esse todo.
Coisas não são mais coisas... São feitas de ideias, conceitos e informações.
Com relação ao que a mídia nos passa, principalmente a televisiva, imagine o bem e o mal que ela destila. Insisto no que faz parte do dia a dia.
O fato de não tomarmos consciência de certos preconceitos, vale para considerar que sempre perseguimos algo não tão claro na memória.
Algo como resumo do que temos dito. A mesma coisa pode estar em dois lugares, ao mesmo tempo... A ciência de como pensamento e intenção afetam as moléculas é desconhecida... O dentro e o fora, uma coisa só... A irrealidade sabota o real, ou utopias chegam a se concretizar. Ao pretender compreender o mundo não nos passa pela cabeça o que o mundo sente com relação a nós... O universo é autoconsciente?... Deus será objeto da ciência, não mais da religião... Amar uns aos outros faz sentido quando nos identificamos com o outro... Na relação sexual o corpo responde aos pensamento... A maior unidade de consciência do corpo é a célula... 


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