Não vergarei ao peso do meu trabalho. Talvez, melhor, dizer
antitrabalho. Algo quase sem balizas. Trabalho não se liga só a dinheiro. Produção
literária, científica ou artística mais como hobby. Sem termo definidor. Nunca se trata de um fim, em nossa
crosta terráquea ou em outra dimensão. Penso na espiritual, após a “passagem”.
Morte, não no senso comum. Todos, um dia, nos tornamos quimicamente iguais. Coisa
provisória, mas acontece com o corpo que nos veste. A vida é túnica inconsútil,
habitando as casas do meu Pai. A transmatéria, também matéria, mesmo nas formas
mais sutis. Matéria concreta, sem costuras mas em transformação, pois tudo não
passa de energia, ondas e partículas, como a luz. Aprendi isso com a Física e
gosto de repetir. Aqui, um lado espiritualista. Para quem quiser se aprofundar,
o jeito é, diante do “formigueiro” não se sentar nele. Mostra de discernimento
(paráfrase do que disse o médico, psicógrafo e estudioso dos fenômenos extrafísicos,
Waldo Vieira).
Não sigo contatos esperados. Melhor que não queiram me programar. Sei
que o que faço não corresponde ao imaginado... Talvez acene às calendas. O que
se vê como correto burla qualquer vigilância. Muitos nem chegam àquilo que se
faz representar. Vale (quando vale) para o agente. Porém, pode repercutir, nem
sempre agradando ao vizinho... Quando meu pensatório se transformará num verdadeiro
laboratório e “holoteca” com “artefatos do saber”? Lembro, outra vez, Waldo,
citado por Marcel Souto Maior na sua obra “Véu de Isis”.
A síndrome dos três pês: poder, posição, prestígio... Ao se referir a “trabalho”.
Isso é muito comum, a coisa sempre associada a dinheiro.
Exponho menos a minha pessoa. Entendo que a sociedade não é tão visível quanto
parece.
Quero ajudar a quem amo. Entendo que sou desajeitado nesse sentido. Muitas
vezes indigesto por palavras, atitudes e comportamento. O som da voz, o que
mais atrapalha. Gritos primais pouco agradam a quem os ouve. Claro que o maior
problema está no significado que damos às coisas. Meu envolvimento com as artes
mostram como o não-sentido faz sentido. O dono da bola pensa que sabe como
marcar o gol.
Vou percebendo que, à distância, consigo meu melhor desempenho. Escrever
é forma de atuar, fora a presença pessoal. A troca de energias flui melhor.
A palavra quase sempre não é flor que se cheire. Silêncio vale como
oração, embora chegue a perturbar quem espera retorno oral. Sem ouvir o outro,
numa contenda, fica-se a sós com o próprio assédio. Tal perturbação sobra para deuses
e demônios. A pessoa ou espírito a atormentar, muitas vezes se recorre a dívidas
não resgatadas. Por isso não cabem queixas, mas paciência e amor. A
oportunidade da expiação que reeduca nos ensina a pingar os “is”.
Ao nos comprometermos com quem amamos, o reverso na sensação de perda da
própria liberdade. O amor cultivado é fonte expansiva de boas energias.
Aprender a administrar a ligação e a separação nos afetos... Paradoxo? A gente
até se questiona. O choque polar faz parte essencial no carro do viver. É a
faísca que aciona o motor. Sem o empurra-e-agarra sobra o romantismo doentio
das expectativas. Hora não de mudar os outros, mas de mudar a si mesmo. Caso contrário, difícil doar.
Há embaraços que criamos. Boa determinação conduz a espírito mais
desperto. Contribui, evitando perdas e atrapalhações para si e para quem ama.
Existem momentos propícios às melhores trocas afetivas. Não é só para
quem as exige segundo a própria vontade. O tempo não passa inutilmente, ou não
passamos nele. Assim se quitam débitos que geram créditos.
Um psicógrafo, face a mensagens extrafísicas, solicita que se escreva em
papel maior os bilhetes com pedidos. A letra escrita facilita o contato.
Trata-se de sinestesia (“sentir junto” ou “sentir ao mesmo tempo”).
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