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04/02/2015

TRABALHO EXTRAÇÃO



No emprego, quando chega o final do expediente, a pessoa deveria passar por um local de descompressão. Algo do tipo das que protegem contra radiatividade. Tensões e aborrecimentos a serem despidos como roupa a se lavar. Caso, por exemplo, de quando se retorna ao convívio mais íntimo com amigos e família. Outros não merecem ouvir lamúrias, nem enfrentar resíduos sucateados de problemas de procedência alheia ao meio da família ou social. Pelo desconhecimento de motivos e razões, surgem vibrações colaterais a prejudicar as interações humanas. E quando aparecem as motivações, as imagens correspondem ao acontecido ou não? Lembro aquele trabalhador que, ao deixar o trabalho do dia, ingere álcool para se aliviar. Também, parece uma boa, ter em casa um lugarzinho de orações. Meditação pode ajudar. Talvez o recolhimento sirva mais para agradecer do que para pedir auxílio. Males reais ou fictícios, não importa. O que sentimos e pensamos é o que mais pesa. Respeito ao outro num clima mais de esvaziamento. Só que não existe o vazio total – o nada. Cuidado para que não se coloque ainda mais problemas na prateleira. Cobranças, solicitando explicações e relatórios podem fazer extravasar um frasco cheio. Contornar a tendência comum de ficar reclamando do que nos contraria. Tal atitude vale para quem retorna do trabalho e para o interlocutor. Entendo, também, que a matéria bruta de aborrecimentos gasta-se com o uso. A escolha, para não rachar, de cada um. O mesmo para desabafos. Empregado em Banco, o final do expediente ocorria, às vezes, mais tarde que o costumeiro. Executivos da administração se viam obrigados a não bater em retirada enquanto o laborioso chefe não ia embora. Eu costumava jogar tênis, logo depois de jantar, num contato rápido com a família. Algo meio burocrático. Movimentar músculos, forma de arejar e fortalecer o corpomente. Pegar vassoura ou enxada, escrever ou dormir, outras compensações para o caso. Depois de bater na bolinha, voltava para casa em melhores condições de ânimo. Cheguei a participar de terapia, em grupo, com Roberto Freire (o psicanalista), gerando novos problemas, por retornar tarde, na madrugada. Outro tipo de conflitos, em somatória. Lembro executivos que, entrando em casa, cumprimentavam superficialmente a família. Postavam-se diante da TV, assistindo a qualquer lixo. Logo cochilavam. Outros, sempre reclamando e até gritando à toa. É quando o trabalho além de dignificar, degenera.