Mostrando postagens com marcador Não se concebem terapias sem que se conheça a história pessoal de quem é tratado. Silêncio. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Não se concebem terapias sem que se conheça a história pessoal de quem é tratado. Silêncio. Mostrar todas as postagens

08/03/2015

A HISTÓRIA DE TODOS NÓS

Nosso cotidiano pesa mais que tudo. De forma consciente ou não somos puxados pelos fatos da vida, que muitas vezes são até mal interpretados. Existe o mais ou menos importante a solicitar atenção de quem aterrissou neste belo planeta. A vida é um grande experimento, revelador da condição humana. Só rende frutos se houver coragem para que nos entreguemos a ela por completo. Qual a natureza do conhecimento? Quais os nossos projetos e as ideias? O valor de cada acontecimento ou é percebido de imediato, ou melhor compreendido em momentos, dias ou anos depois. E ainda há o caso da premonição. Intuição e sonhos teriam um papel aqui. Qualquer pessoa, de acordo com o que chamamos de normalidade, encontrou situações desse tipo. Como experiência própria ou de outrem. O bom e o mau, o triste e o alegre, alinhavam até o que se costuma ter como paranormalidade, visões, mediunismo, milagre. Para os mais racionais, também, cálculo probabilístico. Uma ciência menos dogmática incluiria o espírito de busca despertado pela palavra “mistério”. “Criação imperfeita”, “natureza e seus mistérios” podem ser expressões a denotar atitude investigatória. Coincidências significativas, quando um acontecimento psíquico e outro físico estão ligados por uma relação não causal, é o que Jung chama de sincronicidade, termo criado por ele. Hoje, por interesse voltado a questões neurológicas, encontro matérias jornalísticas dirigidas ao meu campo atual de provas. Isso no início deste mês (março, 2015). Uma de Contardo Calligaris (psicanalista e escritor) e outra do professor de física, astronomia e filosofia natural Marcelo Gleiser. Vou me deter neste autor de livros do meu dia a dia, área de fé e ciência. Marcelo faz um depoimento sobre Oliver Sacks, neurologista e escritor. Comenta o argumento de Sacks sobre pessoas, em condições raras e estranhas, que médicos não sabem o que fazer. Necessário ouvir as histórias dos pacientes, ligar-se a elas, a fim de se forjar um caminho para a cura ou, ao menos, para que se incite neles a empatia e o respeito dos outros. Somos uma história, daí a necessidade de se romper o silêncio sobre ela, pois uma história sem ouvinte é algo desprezado como essencial para a pessoa. Oliver Sacks está com câncer terminal do fígado. Nas palavras de Marcelo, “é uma alma rara, um coração de ouro que ressoa com um intelecto iluminado, pessoa de uma delicadeza emocional ímpar, capaz de vislumbrr os vestígios de humanidade enclausurados nos cantos mais escuros de vidas desintegradas”. São amigos. Os escritos e palestras de Sacks iluminam como ninguém as patologias neurológicas que “afligem tantos de modos distintos, por vezes incapacitando as pessoas a se relacionar normalmente – aprisionadas dentro de si mesmas”. Marcelo termina o artigo: “Sua criação permanecerá viva entre nós, inspirando e iluminando muitas gerações ainda por vir”. Contardo Calligaris fica para depois.