21/11/2017

CIÊNCIA E PENSAMENTO

 A realidade alegre ou triste tem a ver com nós, os humanos, que a plasmamos pela consciência.

Amantes da Física newtoniana – a da causalidade e das certezas – parecem experimentar um prurido nervoso quando se menciona a moderna ciência das partículas subatômicas. “Deus não joga dados com o universo”, expressão ilustrativa de Einstein. Ele teria preparado o caminho para a mecânica quântica. Na Física Moderna procura-se juntar relatividade e mecânica quântica.

Postei no meu ipansotera.blogspot.com sobre a maquininha nossa de todos os dias (celular, computador). O impulso para escrever vem do que a mídia me trás dos pensadores da ciência, da tecnologia e da filosofia.
Li “Revolução ou modismo”, de Ivan dos Santos Oliveira Júnior, Ilustríssima (Folha, 5/11/17), matéria sobre os computadores quânticos que estão chegando. Do meu avô o “mundo velho sem porteira”, agora, tem uma entrada ou saída nova – porteira  que se abre.

Simpático à Física Quântica encontro luzes como um clarão. Quando eu trabalhava em Banco (treinamento e desenvolvimento de pessoal), fim dos 50 e início dos anos 60, o computador ocupava um grande espaço.  Aqueles cartões a armazenar dados por verdadeiros sacerdotes que os manipulavam.

Na época começavam a aparecer os chamados circuitos integrados. No Centro por mim criado no Banco o TWI (métodos de supervisão e treinamento), era aplicado, orientando funcionários, senhores do “know-how”. Surgiam os minicomputadores. O chip veio nos anos 70. Década de 80, os computadores domésticos e pessoais entraram na onda progressista. Eles se popularizaram. O primeiro da IBM foi vendido ao público em 1981. Tinha microprocessador, dispositivo a aumentar a sua eficiência, padrão até no caso dos celulares. Ao chegar a vez do computador quântico, em segundos a capacidade para resolver problemas que levariam até bilhões de anos para a mais  potente máquina dos nossos dias.   

A TECNOLOGIA NA HISTÓRIA

Do maior para o menor. A eletrônica reduz, essencializa, miniaturizando na composição eletrônica. Daí se vai para os chips quânticos. Desenvolvimento vertiginoso da computação e da comunicação. Ampliam-se as  dimensões quando tal elemento detém o controle. Pode-se pensar o bit como unidade mínima de informação, “0” e “1”. O mesmo zero e um, da Programática de G.W.G. Moraes. Este pensador, linguista, lembrava os computadores. Tudo, para ele, se reduzia à dicotomia. Eis a base que atinge a multiplicidade do real, séculos V (Platão) e XX (Moraes), passando pelo yin e o yang – que a tudo se aplica – sistema binário da cultura do 0riente, desde a antiguidade.

A  mecânica quântica é a teoria que lida com os fenômenos nas áreas moleculares, atômicas e subatômicas.
O “tour de force” dos computadores, ponto de vista do processamento, é redobrado a cada ano e meio. A dimensão dos bits se reduz, também, nesse tempo. Trata-se do aumento da capacidade de análise. A Física que serve para o estudo de objetos, irá mudar. O domínio passará a ser o atômico. Um transistor de 7 milionésimos de metro, se compararmos ao diâmetro de um fio de cabelo, será 10 mil vezes maior.

Empresas do mundo investem pesado em tecnologia quântica. Ao que tudo indica, delírio passará a ser um termo inadequado tanto para as coisas materiais como para o mistério de uma explicação que englobe tudo.

Ponderação, sinônimo de circunspecção, equilíbrio, prudência – tida como virtude humana – passará a competir com a máquina. O pensamento entra como “construtor” da realidade. Isso pode explicar a sensação de “azar”. Por que, no jogo de cartas as coisas não deram certo? Humores de aprovação e desconforto têm a ver com nossa consciência. Refletimos o mundo que aprovamos e rejeitamos. Penso até numa serenidade quântica, próxima do esvaziamento zen. Algo para ser testado, até em laboratório. Sem promessas vagas ou cálculos matemáticos abstratos. O mundo sem porteiras se abre para realidades que interferem diretamente em nossos costumes, e em todas as áreas de ação, pensamento e sentimento.

A matéria do jornal faz a pergunta: o que os computadores quânticos realizam de diferente? Resposta: tudo. As aplicações são ilimitadas. O alcance dessa máquina é atingir sempre maior rapidez e eficiência. Qual a tarefa capaz de desafiar os cientistas familiarizados com a nova tecnologia? Simular a natureza? Fora de simples aproximações entende-se que ela (a natureza) é um computador. Nosso desafio mais cômodo: uma questão filosófica. Não esquecer que fenômenos quânticos estão por toda parte. A correlação estatística existe nos sistemas citados e se chama emaranhamento. Einstein apelidava esse fenômeno de fantasmagórico.

Informação quântica, algo impalpável, não carrega matéria nem energia. A esquisitice do quântico já vem sendo posta em prática em laboratórios do mundo e do Brasil. Correlação aqui não é piada. Matéria para cartunistas que não confundem cartum com humor: Angeli  e Laerte “não é para se gargalhar”.

Quem consegue imaginar uma pessoa que esteja viva e morta ao mesmo tempo? Informação quântica é a mesma coisa. Caso do emaranhamento “0” e “1”, mutuamente excludentes, embora interagindo. Lâmpada acesa e apagada de uma só vez. Sei que isso tende a parecer um novo paradigma. Problemas complexos a ser resolvidos em segundos. O dado desaparece de um lugar e reaparece instantaneamente em outro. Nem atravessa o espaço que separa o par de opostos. Espécie de fenômeno além do telepático, podendo incluí-lo.

Interferências são detectadas instantaneamente. Resolvida, em laboratório, uma possível comunicação entre vivos e mortos. A dimensão espiritual mais próxima da Terra, pelo  que me consta, reproduz muito o que é terráqueo. Cientistas, técnicos, físicos, químicos, biólogos, filósofos, teólogos, pensadores serão beneficiários. As religiões e ideologias fora dos “ismos”. Nações perderão o “frison” territorial, totalitário. Nossos filhos não são nossos filhos (Novo Testamento), sem se desprezar o amor por eles. Algo esplendoroso desde a descoberta da teoria da relatividade. Na curva entra a mecânica quântica.

Vamos saltar para 2027. Computadores quânticos usados para encontrar poços de petróleo, projetar medicamentos, criar materiais, resolver problemas complexos de engenharia e matemática, manter a internet à prova de hackers, desenvolver a defesa do planeta, aprimorar as relações humanas, desvendar o que acontece após a morte física, esclarecer sobre a comunicação entre vivos e mortos, a influência que temos sobre a realidade, etc., etc. A Física Clássica vendo o mundo como uma máquina, agora com maior abrangência.

Mediunidade entendida como acontecimento psíquico e físico, ao mesmo tempo, independentes de uma relação causal. Fenômenos interiores, chamados sobrenaturais, chegam a ter correspondência no que está fora de nós. É quando a imagem interior ou a premonição revelam algo concreto e apreciável. Buscar a veracidade dessas manifestações interessa a pesquisadores  conscientes de que matéria e energia são uma coisa só.  

O dom da ubiquidade (ocupar dois espaços ao mesmo tempo), por exemplo, aspira a uma explicação quântica. Encontra-se tal fenômeno em médiuns de reconhecida idoneidade. Cito Eurípedes Barsanulfo em Sacramento e Chico Xavier em Pedro Leopoldo. Para a compreensão do que é atribuído à psicologia do inconsciente há vertentes menos redutoras. Sempre tivemos ocorrências, também chamadas metapsíquicas, a merecer estudos mais abertos, experimentais  e plenos de sentido. Isso como as descontinuidades da Física. Acontecimentos acausais existentes e a produzir-se hoje em dia.

Mediunidade ou sincronicidade. Na psicografia, a glândula pineal do médium exibiria luminosidade cada vez mais intensa.  No livro “Missionários da luz”, André Luiz, psicografado por Chico Xavier, trata do assunto. Ficção científica? Espiritualismo?   

Os poucos computadores quânticos foram comprados dos EUA, da China, da Inglaterra ou da Austrália. Para nós os preços ainda são exorbitantes (penso no dinheiro desviado pelos rentistas, concentradores de dinheiro).

Continuamos dependentes da visão estreita das elites e do Estado. Ainda se paga a conta da energia elétrica usada para manter ligados velhos computadores. Vivemos sob o domínio de oligarquias atrasadas. O poder político foi tomado de assalto. A população vive dentro de um padrão extremo de vulnerabilidade. Verdadeira hecatombe política e econômica.

Neste momento, enquanto nosso país bate recordes negativos em educação, saúde, segurança, emprego e investimentos, outras nações fazem planos para o futuro. Experimentação e aprendizado social com abertura para novas tecnologias.

O povo, impedido de  pensar e criar, existe como agente de melhorias tecnológicas e substanciais para a sobrevivência e a autorrealização. Espiritualidade parece palavra vã. Não é fácil a luta para emergir. O mundo se atualiza; e nós, como ficamos?

CONSCIÊNCIA AMPLIADA

Nem todas as leis foram descobertas. A comunicação  entre vivos e mortos vem sendo descrita desde a antiguidade. A Bíblia enfoca inúmeros casos. Quando surge a determinação para que a relação não deve se efetivar (Moisés) o motivo implícito é que os considerados não-vivos estão pré-determinados para outros fins. Daí a proibição para não os evocar. Outro problema é o risco de o médium ser levado à autossugestão. Invocar numa conjuração, inclusive, não é bom alvitre. Fenômenos tidos como medianímicos já foram plenamente descritos e sua prática é observável. Há obras sérias a respeito e cientistas informam sobre positivas experiências nessa área (Willian Crookes, químico e físico britânico e as materializações do espírito de Katie King). Num toque que motiva interessados estão os sonhos reveladores, comunicações psicofônicas, claras audiências e vidências, efeitos físicos, psicografia, intuitividade, além de formas implícitas e explícitas nas relações com tais fenômenos. Ainda existe a tendência de considerar sobrenatural as ocorrências, por ignorância, medo ou interesses visivelmente corporativos. Eles, na forma como são expressos, abalariam crenças, quando a inteligência não raciocina ou despreza para aumentar o proselitismo. Chega a ocorrer mera acomodação passiva, quando nem passa pelo sujeito a ampliação da consciência.

Acreditamos que os “ismos” irão perdendo força numa perspectiva fenomenológica. Fatos pesam mais do que teorias, alcançando provas em nossa época de computação quântica. Ciência, filosofia, tecnologia e religião não precisam de rótulos. Ciência e metafísica estarão cada vez mais irmanadas. A compreensão dos “comos” nas estruturas rende mais para o saber do que “porquês” cumulativos. Ao chamar mediunidade de  sincronicidade tal termo ajuda na compreensão de coincidências significativas ou a equivalência de um estado psíquico ou acontecimentos que não apresentam relações causais entre si.

A discussão de animismo e práticas medianímicas, opondo uma coisa a outra, pertence, talvez, ao rol de estéreis cogitações. Já se acredita na presença de dados anímicos que não invalidam comunicações entre vivos e mortos. Intérprete e espírito desencarnado vivem uma simbiose. Análises contribuem para que se aprenda sobre a co-participação. Em que medida um influencia o outro? O  fenômeno da “voz direta e falada”, quando em língua desconhecida do médium, é potente auxiliar no esclarecimento. Outra coisa é quando – caso da mediunidade de Chico Xavier – o amplo desconhecimento de dados sobre a relação do consulente com o espírito aparece na mensagem recebida.

A vida de Chico possui solidez pela diversidade de formas mediúnicas de atuação e recepção. Ele psicografou 412 obras. Campo vasto de estudo. Hoje, no momento em que a Física Quântica adentra a tecnologia da informática não se concebe a negação pura e simples das manifestações dos espíritos tidos como desencarnados. Nas muitas moradas da casa de Deus vamos das carnes às essências. É quando existir não é menos pior, fazendo parte da escala evolutiva.

Inteligência artificial e máquina sem que pessoas sejam tratadas como coisas. Pontos de vista psicológico,  jurídico, econômico, político e, principalmente, de humanos capazes de deliberação num horizonte de ações possíveis. Aspectos éticos e morais, máquinas a serviço da pessoa, não o contrário. Fatores como História e memória, mais do que simples ingredientes. Sempre presente, diante das limitações da mente, a máquina nos ajudando a acionar as coisas da matéria e do espírito. Nosso corpo não é completamente coisa, nem completamente pessoa. Impulsionados pela teologia cristã, não simplesmente por um “ismo”, temos a chave não de possuir corpo, mas de ser também um corpo. Que nossa sociedade não inclua só sujeitos livres, porém coisas também livres.

Pensando em arte, obras chegam a nos afetar sem que  tenhamos que nos deter na deliberação de uma pessoa. Como no computador quântico, a forma do corpo, energia e espírito. Ninguém deverá nos presidir, muito menos uma máquina.    

                   Agradeço e me desculpo pelas elucubrações. Ivan é doutor em Física pela Universidade de Oxford e pesquisador titular do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas do Rio de Janeiro. Obras psicografadas por Chico Xavier, cerca de 412, e Carlos A. Baccelli (Inácio Ferreira) serviram de base para ponderações. No Pentateuco de Allan Kardec destaco “O Livro dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns”. De Marcel Souto Maior: “As vidas de Chico Xavier” e “Por trás do Véu de Ísis”.


(Parte do texto, antes de alterações, no ipansotera.blogspot.com e link no Facebook – 15/11/17. Postagem hoje, 21/11/17, ampliado e reformulado.)


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