Sentir vocação filosófica é
diferente do que ser um filósofo no sentido estrito. Ao cursar filosofia meu
maior interesse foi por perguntas mais do que por respostas. Fui descobrindo
isso, aos poucos. Aliás, não me considero um especialista. Sou um pouco como o
farmacêutico ou advogado que conhece algo da sistemática da profissão sem a
necessidade de experimentar todos os remédios da prateleira ou saber de cor as
leis do código penal. Hoje, inclusive, navegar na internet exige certo talento
e capacidade para selecionar e encontrar dados. Necessário paradigmas para
escolher qual apito tocar. Numa época investigativa, de corrida na busca de explicações,
quem não tiver um mapa para se nortear está ferrado. Pode cair naquela fissura
por “porquês” que levam à causa, da causa, da causa. Ou seja: fica-se a ver
navios.
Ciência e religião, fatos e
metafísica, razão e intuição, relação entre mortos e vivos dão as mãos. Não
perceber isso pode levar a um estéril niilismo – você se perder por não
acreditar em nada. Pior: nem buscar compreender mistérios! Pode-se escorregar
para cavernas do inconsciente e surtar. Então, o inferno não é o outro, mas se
fechar em copas para o “diferente” nas formas de sentir e pensar.
Sobre ciência foco não nas
“coisas da física”, mas no contrário – a “física das coisas”. Aqui podem entrar
“estradas” e “samba”, por exemplo. Conceitos de “eletrodinâmica quântica”
poderão ser melhor analisados por especialistas. Lembro a Folha, caderno Ilustríssima, de 28 de
dezembro de 2014, duas páginas completas sob o título “Partículas telepáticas”,
falando sobre elétron, próton, fóton, etc. Física quântica, né? Quer detalhes?
Vá ao google para início de conversa.
Enfim, daqui, passar para a
relação entre mortos e vivos pode ser o maior desafio para os descrentes,
vítimas de doutrinação sectarista, fundamentalismo estressante ou preconceitos
corporativistas. Imagine um psiquiatra ortodoxo (ainda os há?), mudando o
conceito de esquizofrenia para o de assédio e possessão espiritual...
Com base em sambas, ouvindo “Não tem tradução”,
de Noel Rosa, posso chegar à maior importância do “sentir”, com relação à mente,
e à cosmologia da física moderna. Aqui se tem a relativização do tempo (influência
do cinema falado) e o desaparecimento da “linha
reta” (Descartes). Mesmo para se pensar
que existe ocorre intuição... A intuição do ser que pensa. Sobre os lugares de
uma estrada a percorrer posso chegar ao “princípio da incerteza” de Heisenberg.
Região das possibilidades, intermediária entre o Ser e o Nada existenciais,
entre estar e não estar. A gente promete ir em frente, enquanto o leitor
pesquisa, para nos ajudar. Por enquanto, Deus joga dados sim!