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01/04/2015

VIDA A CADA PASSO

Todos alimentamos utopias, tidas como quimeras. Muitas conquistas da ciência partiram de utopias.
Há quem diz mais ou menos isto: utopia que vale a pena é a ambição mais modesta de falhar e, apesar de tudo, viver ainda para contar.
Artigo, publicado ontem na Folha, 31/3/2015, tem o título “Viver para contar”. Foca o caso do copiloto alemão, Andreas Lubitz. Faço algumas reflexões, com desculpas para o colunista João Pereira Coutinho.
Meu saudoso irmão dizia em estados muito sofridos: “a vida é bela”. Claro que viver é aprender, talvez para saber mais do que fora da experiência com os pés no chão.
Ser autodestrutivo é o mesmo que ser destrutivo com relação à humanidade e  às pessoas mais amadas até pelo autor do golpe contra si mesmo. Chamaríamos isso de distopia?
Pode-se pensar se seremos capazes de sobreviver entregues ao nosso destino? Triste não acreditar que a própria existência se sujeita a uma única reparação a ser feita por nós mesmos.
Como tudo se transforma, toda e qualquer vida, numa criação perfeita ou imperfeita, não fugiria à regra. O que se exige é menos covardia e mais coragem. Todo empenho reflete insuficiência.
Se há um outro desafio, além da levada da vida, é a de uma busca eterna, valor inestimável. Busca para compreender o mundo, as pessoas e a si mesmo.
Nada é irreparável até numa somatória de erros. Mesmo quando ficamos abismados com o fato de uma doença instalar-se tão completamente na cabeça do sujeito.
Suicídio e homicídio fazem dueto numa combinação letal. Depressão, forte medicação, problemas orgânicos a resolver, expectativas e uma carreira desejada que se frustra...
Quem consegue desvendar o que se passa na alma de outra pessoa? Sei que o fator humano tangível não é tudo.  Difícil uma análise que possa acertar diante dos fatores: assédio, obsessão. Sei que aqui se exigiria forte mudança de paradigmas. Não é para qualquer um.
A pessoa bebe, ressaca, medica-se, intoxica-se, sofre desgostos amorosos, tem pensamentos autodestrutivos...
A literatura ajuda? O caso do morto, pena autoaplicável, sofrendo por longo tempo os horrores que se infligiu, querendo morrer (!?)... Um mentor, sereno, lhe diz: “Mas você já morreu...”   
Acredito na misericórdia divina. Sempre há esperança. O amor é expansivo até para os descrentes da caridade e da sabedoria que abre a cortina da ascensão evolutiva.
Problema é se atrasar muito na caminhada, a cada passo. 

Imagino o sujeito sobrevivendo a ato extremo praticado contra si... Em programa televisivo, ele parte para uma cruzada pela preservação da vida... Título: “A vida é bela”.