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09/03/2015

CINEMA E SENTIDO

Vou aprendendo que as coisas da vida não merecem uma eterna contemplação hipnótica como objetos de beleza e felicidade. Trata-se de um fluxo constante e desmesurado como um filme de conteúdos tristes, alegres e, por vezes, trágicos. Todos somos afetados por lances a aplacar nossa sede de conhecimento, incluindo a purificação de nossos corpos mesmo com o risco ao cruzar meandros da alma que nos ameaçam com seus cantos.
Lendo “Vida de Cinema”, do cineasta Cacá Diegues, ele, cinco anos mais novo que eu, me faz lembrar tempos vividos nos anos 50, 60, 70. Obra escrita ao longo de sete anos, admirável a forma de revisitar época que me abrigou como um peixe fora d’água. Mas somos o que já fomos, disso ninguém escapa. Como no caso do memorialista, minha formação deve muito ao cinema. Agendo comparações pelos valores, preferências que se encaixam, eu com muita superficialidade e invigilância. Tudo faz parte na sucessão de fotogramas interligados num significado que, muitas vezes, nos escapa.
Não me atrai a ideia de ser representante de um sistema, porta-voz de uma política partidária. Prefiro pensar o mundo com alguma liberdade, sem restrições e maiores impedimentos. Não me iludo de que não se vive sem alguma concessão.  Uma antena que pode falhar, mas que a gente não se submeta ao senso comum, ao poder constituído, aos dogmas religiosos, às ideologias fechadas e a uma ferrenha disciplina. Sem desobedecer não se inova.

Em nossas vidas, cabe destacar a oposição entre pensamento e ação. A consciência das pessoas e a mobilização mecânica do comportamento. O coração e o pensamento. Não resta dúvida de que o abrangente é o coração. Nas palavras de Rudolf Steiner: “O homem pensa, de fato, com sua cabeça, mas é seu coração que sente o esplendor ou a sombra de um pensamento”.