Imaginem a passagem da arte acadêmica, figurativa, dos anos do Renascimento,
até a arte contemporânea. Não foi sem atritos e até agressões virulentas contra
artistas. Não penso só na Alemanha nazista, apontando a arte moderna como
degenerada. O termo impressionismo surgiu depois de a crítica chamar de
impressões aqueles sóis esmaecidos, e figuras deformadas ou fantasmagóricas.
Hoje acordei, talvez também em brumas, considerando minhas impressões
neuróticas. Felizmente qualquer doença física ou psíquica apresenta graus dos
mais tênues aos mais graves. Que a minha não seja das piores. Vamos lá. A internet,
com suas redes sociais, parece sofrer de um mal: pensar dói. O positivo é
promover o intercâmbio de gostos, perfis, a liberdade de expor qualquer coisa que passa pela cabeça.
Insisto: o pensar dói. Outra coisa que agrava: “navegar é preciso”. É quando
percebo que estou vivo. Sendo gente, se falo com gente, se opino, não importa
se as opiniões pareçam pruridos ou descargas automáticas de um sonâmbulo. Talvez
a noite tenha sido mal dormida. O tempo para me coçar é curto e a vida cotidiana
é muito rápida. Há qualidade no que se faz? Se é fruto de prementes necessidades
ou não; se me dá prazer ou não; se me sinto submisso, acovardado, repetitivo,
opressor... Por quê pensar? Eu me sinto melhor falando sobre o que me agrada ou
atormenta, ainda que em nuvens fugazes. Como agora, o que digo não vale o
limbo que me espera. Parar, pensar, refletir... Tal semáforo, nem no trânsito
se aplica. Preconceitos nascem nos intestinos, Bolsonaro está aí para provar. Nas
ruas, gritar pela volta dos militares, com suas torturas, é forma de estapear a
história. Ignorância ou burrice mesmo...
Somos contra qualquer violência, seja física ou psicológica. Agora, nas mãos de
quem governa, institucionalizada, é pura barbárie. Quer na esquerda, na direita
ou no meio. Vejo a violência, inclusive, no entretenimento que substitui a
cultura. Cultura não só da complexidade das construções do espírito,
intelectualizada, mas das novas ideias, das buscas existenciais para que se
viva de forma sensível e inteligente. A que interage e integra. Como neurótico,
sei que se trata de um privilégio humano
contra o intolerável. É também defesa face a perigosas percepções. Admito: é mais fácil para um selvagem e uma criança serem sadios.
Ipansotera é um blog de pensamentos. Mesmo em recados há a intenção de promover uma interação reflexiva. Não existe fundo ideológico fechado. O conteúdo são vislumbres de quem vê a vida como aprendizagem do espírito. O autor acredita na interatividade mais do que em afirmações inatistas e comportamentistas.
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