Sobre o visível e o invisível, o
perceptivo e o imperceptível, como ficamos? Acomodação ou ir em frente? Como a
vida emerge para nós? O que dá ordem à vida? Existem o possível e o atual, o
contingente e o necessário, o real e o virtual. Sobre essas questões
experimento um ligeiro despertar. Aos olhos o artigo de Vladimir Safatle
“Movimentos aberrantes” (Folha, 5/05/2017). Por escolha própria não menciono os
citados em sua matéria. Aquela coisa de quem escreve assumir autores e
pensadores como algo de si. Trata-se de nova forma individual e coletiva de existir. Exposição
sobre a força de transformação da literatura – hoje minha praia. Em foco
estética e artes. O papel delas na literatura ao reconstituir os campos de
nossa sensibilidade, permitindo o que se pode chamar de “partilha”. Modos de
recortar o tempo e o espaço. Para dar ordem à vida temos a ficção. Acostumado
ao bullying, quando me acusam de ficcionista, ou não proceder em função do real. As
coisas agem, aí a própria “subjetividade delas”. É a vida da alma, ainda desconhecida. O saber
científico, inclusive, como a história e a ciência social, serviram-se da
poesia. Salta o princípio em que faz surgir um encadeamento causal verossímil
mais racional que a descrição dos fatos ocorridos. Poesia e romances da
modernidade estética, obras exemplares a percorrer. São as que apresentam uma
narrativa errática, sem coluna vertebral. O que não é submetido à ordem causal.
Mesmo a ficção, preferida pelas crianças mais novas e nos quatro ou cinco anos.
Filmes de animação, monstros e humanos objetos metálicos, qualquer coisa
demonstrando sentimentos, para mim pura maluquice. Utopia, delírio, seriam
cacoetes não sérios. Sujeitos cujas ações estão fora de lugares, meios e fins. Outras
para atuar – percebo agora. Por certo, apenas mais consciente, eu a me mover
como ficcionista errático e aberrante para os racionalistas do convívio. Na
literatura, a função de definir estruturas formais para a produção do sentido.
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