Imagine um corretor indo avaliar a Bollingen de Jung. Dentro das
perspectivas do mercado provavelmente só estaria sujeito a venda o terreno. Por
mais alma que tenha a construção nulo seria o valor do imóvel. Sem a intenção
de comparar o que surgiu da mente fértil de Jung e o que hoje faz parte da casa
reconstruída do Beiral das Pedras, onde Maria e eu estamos há cerca de 40 anos,
vamos fazer certas considerações da psicologia analítica. Bollingen, como a
casa atemporal do Self. Dez meses antes de morrer Jung teve um sonho: Ele vê,
banhada de luz, uma outra Bollingen que existe no além. Ao mesmo tempo que uma
loba ensina o filhote a nadar, ouve a voz que diz: “A casa está pronta para ser
habitada”. O ocorrido sugere a relação entre o Ego e o Self, o inconsciente e a
alma. Vamos à comparação entre o Ego (crosta terrestre) e o mundo espiritual
(Self ). A floração em nosso mundo
passa, mas o rizoma (alma) fica e emigra para o outro plano, espécie de
“mundo das ideias” platônico. Mundo também concreto, podendo ter a réplica da
Bollingen mandálica do seu autor, analista das coisas da alma. Viagem para lá
exige aprendizagem como a da loba com seu filhote à beira da água. Lá, na outra
dimensão, Jung vai brincar também com a água, o que sempre fez. Aqui no Beiral,
temos a visão da grande pedra, na Serra do Itapetinga. De mais de um ponto da
casa, por enquanto, divisamos o alto da
cabeça, na Serra. O cocuruto está em
várias pinturas minhas para eternizar-se. Surge a questão: pensar com a cabeça
ou com o coração. Jung, muito diferente de um antropólogo, obteve o sentido da
própria vida, que é “ajudar Deus”. O mito de sua vida surgiu na viagem de trem
de Mombaça para Nairobi, se não me engano, no seu contato com povos que pensam
mais com o coração. Aí, na África, ou com índios do Novo México (EUA), as
personalidades 1 e 2, Ego e Self, vivem uma constelação. África interna, segundo
Jung – a alma. O sentido da vida é continuar a criação divina. Nós, no processo
do vir a ser do mundo possuímos uma dimensão cósmica. O caminho evolutivo do
homem é diferente da via darwiniana. A psicologia de Jung é empírica, aberta
para o desconhecido. Para que uma teoria, quando você enxerga? O nome das
coisas não importa; o que importa é a experiência. Caminhar para a meta de ir aonde
não se sabe. É quando se depende dos ensinamentos de uma loba para o seu filhote.
Outro sonho de Jung foi descortinar uma praça, cuja parte central
se reproduz na imagem diminuída, como fractais, de forma estrelada ao seu
redor. No menor o maior. Trata-se de uma mandala. O centro é o Self. O
inconsciente quer se tornar consciente. A tendência é conseguir que se suporte
a tensão dos opostos. O que você quer e o que você não quer. A polaridade presente
em tudo. E quando em espelhos aparecem o Ego e o Self temos o infinito. Todos,
numa teoria jamais fechada, como a de Jung, podem chegar à experiência do Self.
Que cada um busque o centro da verdade, única em si mesmo. Aonde a realidade?...
Na África?
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