20/07/2016

O ALVO DO ARQUEIRO É ELE PRÓPRIO


Os tempos que correm, no que são diferentes? Aumentaram as opções de vida? Cada vez se aclaram mais as áreas de pensamento e ação. Impressiona o desenvolvimento da tecnologia e da ciência. Hoje, muita coisa computadorizada. A comunicação eletrônica e digital apresenta progresso sem limites. Daqui se conversa com o filho na Turquia e ainda tem sua imagem em tempo real. Figura e fundo podem representar desde uma clareza exemplar até efeitos os mais sofisticados. Tudo se combina, ou nada se combina.

Graças à medicina vive-se mais tempo. Existe maior liberdade individual em muitos países. O poder inventa formas de urgências, de ataques terroristas, de crises econômicas, de violência estatal. Isso na Turquia, em São Paulo, no Cairo, no Rio de Janeiro, em Madri, em Nova Yorque, em Santiago, em Brasília. De um lado o medo, do outro o gozo. Escasseia a ética da convicção; a grande maioria da população adere sem crença. Certo que existe a paranoia com segurança, alimentada pela mídia e seus reflexos condicionados. Todos os ajornais divulgam, como num torniquete as mesmas imagens e informações. Tevês em mais de um cômodo da casa, e telefones grampeados. Fundamentalismos e fascismos, muitas vezes em nome da democracia. Decorrem grupos e indivíduos ressentidos socialmente que partem para o vandalismo. Democracias representativas chegam a apresentar clamorosas falhas e corrupção pelo abuso de poder. É quando o sujeito, até sem privacidade, pode se sentir ninguém. Penalidades extremas vão e voltam nas nações requentadas por ditadores mais ou menos camuflados por medidas populistas. E a mídia televisiva cobrindo tudo com imagens se repetindo obsessivamente, na voz de espanto ensaiado por jornalistas. No manuseio dos aparelhos de bolso a cena mundial. Surge a necessidade contínua de ver catástrofes, saber dos últimos crimes e prisões. Alimento para o gosto macabro pela visibilidade de eventos desastrosos. Na governabilidade atual o ilícito é gerenciado. Não há mais pejo em pôr na prisão pessoas de colarinho branco... O fenômeno no Brasil adquiriu proporções inimagináveis. Mais shoppings centers, compra-se com maior facilidade. Desapareceram os charmosos cinemas de bairro. Cresce a esperança de maior poder sobre coisas e pessoas. Estamos em uma sociedade de mercado com suas ferramentas de aliciamento e sucesso. Mais dinheiro, mais técnica, mais sensação de liberdade. A pergunta, agora, é: E nossa liberdade contra o destino? Onde e quando a livre-escolha? Vale reconhecer que o destino possui uma dinâmica cujo protagonista conhecemos bem. Acredite ou não o destino é  a nossa criatura. Como co-protagonista temos o regime da política. Embora pregue a importância de se salvar, sua lógica é a do sufocamento. Não adianta o escape de atribuir ao destino uma autonomia com ares de completude. Sua estabilidade é móvel, ele se sujeita a reparos e deslanches. Daí a necessidade do “conhece-te a ti mesmo” oracular e de se saber que em cada existência somos mortais. Por mais que nos afastemos, nunca nos perdendo de nós próprios. Destino igual a ações do Estado na base que assalta o dinheiro público. A imortalidade desmontaria a “caixa de Pandora” (mitologia). Aquela jarra de larga tampa para nos castigar com seus delírios esperançosos afim de satisfazer desejos. A partir da “caixa”, o alerta: Ouvir a justiça e não deixar crescer o descomedimento. Corrupção? Para o brejo nossa capacidade infinita de domínio. O destino do homem é, pelo menos, a perda provisória de si mesmo, já que há outros caminhos de resgate e aprendizagem. Sem a perspectiva reencarnacionista viver não faria sentido. Até a psiquiatria se enriquece com esse viés. Há outro tipo de perda de si mesmo: através da morte para nova vida (arte de bem ensinar); perda nas paixões, nos desejos, nos fracassos, nos sucessos, nas guerras. Ao se tentar evitar isso, a perda ocorre ainda de modo mais rápido, embora nunca em definitivo e tons miseráveis. Não há dúvida de que nossa existência possui estações. É uma aprendizagem evolutiva constante, nos acertos e nos desvios... Vale o otimismo das formas-pensamento positivas. Nossa mente crava com força e profundamente o que nos surge como destino. Destino gerado por nós, o alvo do arqueiro que somos.        

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