Os tempos que correm, no que são
diferentes? Aumentaram as opções de vida? Cada vez se aclaram mais as áreas de
pensamento e ação. Impressiona o desenvolvimento da tecnologia e da ciência. Hoje,
muita coisa computadorizada. A comunicação eletrônica e digital apresenta
progresso sem limites. Daqui se conversa com o filho na Turquia e ainda tem sua
imagem em tempo real. Figura e fundo podem representar desde uma clareza
exemplar até efeitos os mais sofisticados. Tudo se combina, ou nada se combina.
Graças à medicina vive-se mais
tempo. Existe maior liberdade individual em muitos países. O poder inventa
formas de urgências, de ataques terroristas, de crises econômicas, de violência
estatal. Isso na Turquia, em São Paulo, no Cairo, no Rio de Janeiro, em Madri,
em Nova Yorque, em Santiago, em Brasília. De um lado o medo, do outro o gozo. Escasseia
a ética da convicção; a grande maioria da população adere sem crença. Certo que
existe a paranoia com segurança, alimentada pela mídia e seus reflexos
condicionados. Todos os ajornais divulgam, como num torniquete as mesmas
imagens e informações. Tevês em mais de um cômodo da casa, e telefones
grampeados. Fundamentalismos e fascismos, muitas vezes em nome da democracia. Decorrem
grupos e indivíduos ressentidos socialmente que partem para o vandalismo. Democracias
representativas chegam a apresentar clamorosas falhas e corrupção pelo abuso de
poder. É quando o sujeito, até sem privacidade, pode se sentir ninguém. Penalidades
extremas vão e voltam nas nações requentadas por ditadores mais ou menos camuflados
por medidas populistas. E a mídia televisiva cobrindo tudo com imagens se repetindo
obsessivamente, na voz de espanto ensaiado por jornalistas. No manuseio dos aparelhos
de bolso a cena mundial. Surge a necessidade contínua de ver catástrofes, saber
dos últimos crimes e prisões. Alimento para o gosto macabro pela visibilidade
de eventos desastrosos. Na governabilidade atual o ilícito é gerenciado. Não há
mais pejo em pôr na prisão pessoas de colarinho branco... O fenômeno no Brasil
adquiriu proporções inimagináveis. Mais shoppings
centers, compra-se com maior facilidade. Desapareceram os charmosos cinemas
de bairro. Cresce a esperança de maior poder sobre coisas e pessoas. Estamos em
uma sociedade de mercado com suas ferramentas de aliciamento e sucesso. Mais dinheiro,
mais técnica, mais sensação de liberdade. A pergunta, agora, é: E nossa liberdade
contra o destino? Onde e quando a livre-escolha? Vale reconhecer que o destino
possui uma dinâmica cujo protagonista conhecemos bem. Acredite ou não o destino
é a nossa criatura. Como co-protagonista
temos o regime da política. Embora pregue a importância de se salvar, sua lógica
é a do sufocamento. Não adianta o escape de atribuir ao destino uma autonomia com
ares de completude. Sua estabilidade é móvel, ele se sujeita a reparos e deslanches.
Daí a necessidade do “conhece-te a ti mesmo” oracular e de se saber que em cada
existência somos mortais. Por mais que nos afastemos, nunca nos perdendo de nós
próprios. Destino igual a ações do Estado na base que assalta o dinheiro público.
A imortalidade desmontaria a “caixa de Pandora” (mitologia). Aquela jarra de
larga tampa para nos castigar com seus delírios esperançosos afim de satisfazer
desejos. A partir da “caixa”, o alerta: Ouvir a justiça e não deixar crescer o
descomedimento. Corrupção? Para o brejo nossa capacidade infinita de domínio. O
destino do homem é, pelo menos, a perda provisória de si mesmo, já que há outros
caminhos de resgate e aprendizagem. Sem a perspectiva reencarnacionista viver
não faria sentido. Até a psiquiatria se enriquece com esse viés. Há outro tipo
de perda de si mesmo: através da morte para nova vida (arte de bem ensinar); perda
nas paixões, nos desejos, nos fracassos, nos sucessos, nas guerras. Ao se tentar
evitar isso, a perda ocorre ainda de modo mais rápido, embora nunca em definitivo
e tons miseráveis. Não há dúvida de que nossa existência possui estações. É uma
aprendizagem evolutiva constante, nos acertos e nos desvios... Vale o otimismo
das formas-pensamento positivas. Nossa mente crava com força e profundamente o
que nos surge como destino. Destino gerado por nós, o alvo do arqueiro que somos.
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