24/05/2016

RECUPERAR O ETERNO 5

Esquecer, sempre que possível, relógio e calendário. Caso contrário deixaremos de fazer coisas amorosas e até urgentes.

A noite do sono e o dia de descanso são santificados. Eles geram a energia necessária ao compasso das obras a realizar.

E sobre o ato de sonhar, quantas descobertas? Através de símbolos e realidades, um novo despertar.

Para não falar em imagens concretas, até em movimento e saudosas, ao alterar o passado cristalizado.

Não acordar, nem deixar de proteger, quem repousa (e pode estar sonhando). O sonho dá lições sobre as próximas horas.

Se tudo é sagrado, guardar até o supérfluo. Dias e objetos. Cuidar de quem amamos. É a forma mais plena de relacionamento.

Não somos donos de nada, mas guardiães. Para nascer, necessário que se reconheça em nós algum mérito. Nosso corpo é um usufruto.

Para com a vida, precisamos de uma atitude menos autocentrada.  Guardar não é se apegar a coisas de forma irrestrita.

Quando se fala em coisas, não esquecer as da alma. O “outro mundo” é tão concreto como as pedras.

A necessidade de organizar as ações, não exclui a aplicação do espírito para o inesperado próprio do espaço-tempo.

Vivemos em um meio que é tanto material quanto imaterial. Fora dos elementos orgânicos e inorgânicos existe o ar que respiramos.

A dificuldade para distinguir significados poéticos, religiosos, científicos, artísticos ou sociais é algo a ser trabalhado. Trata-se de um “olhar do intelecto”.

Há relações que, ao serem mantidas com o pouco ou nada compreendido, podem revelar o que alarga a consciência.

Esse “olhar do intelecto”, tão rejeitado por práticos e tecnólogos inconformados, chega a contribuir para a humanidade dos seres humanos.

Ao “olhar do intelecto” deve acompanhar o “olhar do espírito”.

Abstrações e ideologias sobre a humanização podem representar forma estreita de pensar. No caso, fazem parte dos estreitos limites da matéria viva e consciente.

Aproxima-se do envelhecimento a degeneração da temporalidade biológica. Imaginar como chegamos ao ciclo da natureza do qual nunca se escapa.

Viver sem perspectivas de transcendência tende a nos chafurdar na inércia e na confusão.

Em níveis mais profundos do tempo interior, as convenções ganham significados ainda mais essenciais e determinantes.   

É como se a compreensão da vida adquirisse novas perspectivas, ao diminuir o alto teor de pressão pelo fato de sermos frágeis mortais.

Pressão no corpo e na alma, os velhos são excluídos do universo de valores, ao mesmo tempo em que as técnicas médicas prolongam a vida.


O ambiente do tempo interior explica, em grande parte, a divisão sagrado-profano. Isso faz parte da “atmosfera invisível” que incide sobre a vidas social, política e psíquica. 

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