Talvez um momento inédito em nosso país. Parece bobagem o que disse,
pois não existem duas situações iguais no espaço-tempo. Mas vamos lá. Ações na
politicagem reinante travestidas disto ou daquilo. Na postagem que fiz no meu ipansotera.blogspot.com observei sobre o cuidado que se
deve ter com as palavras. Citei “golpe”, uma delas. Tanto um lado em choque como
o outro podem fazer acusações desabusadas. Se sempre tivemos “delinquentes”
(para dizer pouco) na política, com as coisas no ritmo de hoje, vale parar o
país com devassas e prisões? Homens públicos desprovidos de boas ideias amam
criar casos e comissões, num arremedo de trabalho sério. Até quando a democracia
– a menos pior forma de governar – continuará sendo uma peça de ficção? Os
ismos na indústria e no comércio governam desde que nos entendemos por gente. Trata-se
do deus Mercado. Com tantos nomes e siglas, com as mesmas bases personalistas
de poder concentrado, difícil encontrar um só culpado. Executores de golpes,
considerados justificáveis, são réus em processos de bandidagem. Participar dos
mesmos atos que julga? A intenção maior é garantir a própria respiração para
não afundar. Impedimento de quem preside o país nesta hora faz parte de
verdadeira farsa. Até quando viveremos numa semi-democracia? A expectativa de
uma catarse revela doentia atitude romântica. Reunificação nacional com a
corriola que aí está? Frear quem infringe o constituído da república?
Motivações políticas pelo domínio próprio rondam como sombra as instituições.
Penso também nas que cuidam de segurança e no poder judiciário. Lances do certo
e do errado operam mesmo com os melhores propósitos. Tanto problema de ordem
política e econômica, ética e moral, exige tomada de consciência, vigilância e ações.
Atinge a todos, indivíduo e coletividade. Há necessidade de mexer com a paralisia
de transformações estruturais. O difícil é encontrar lideranças cujos termos
não sejam confundidos com os que nos chafurdaram: Impossibilidade de se
defender quando acusado; vazamento seletivo e linchamento midiático, bomba de
gás lacrimogêneo e bala, corrupção generalizada... Triste, para não dizer
catastrófico, achar que sempre foi assim e que essa é a maneira normal para um
Estado funcionar. Pagaremos o preço de nossas escolhas daqui para a frente...
Como pagamos até agora. Hora de um plebiscito? Dar a palavra a um poder
constituinte? Todo o problema está no nível dos significados que se tornaram
obsoletos. O poder executivo e o Congresso Nacional (parte orgânica do que
acontece) devem continuar como estão? Caso contrário, como abrir o processo para
instaurar uma verdadeira democracia? A reinvenção de impedimentos é a maneira
escolhida do Congresso doente para proteger com uma cortina de fumaça os
internos ameaçados de queda livre. A faca e o queijo em nossas mãos.
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