24/03/2016

PAZ E ENERGIA

Do racha que estamos vivendo, sobra o quê? A politicagem agride o que é do interesse da população: abrir mão de vantagens pessoais para o fortalecimento do que se confronta com necessidades básicas para os cidadãos. São tantos os partidos, tantos os interesses, que o povo nem tem vez. Inclui-se aqui os excluídos num sistema em que corromper é a regra. Nem tanto para ser feliz, mas para sobreviver com um pouco de satisfação e dignidade, o que se esperaria da administração pública? A política do país nunca esteve tão às portas do inferno. O que não podemos é perder a esperança de que as coisas vão melhorar. Nossas instituições de pé com a justiça, o aval para afastar a erupção da violência. É o que precisa estar bem claro em nossa mente: a agressão física contra pessoas e bens não ajuda a combater o que está errado. Manifestações pacíficas – o que tem ocorrido – denotam peso favorável à vocação democrática, mesmo com alguns descompassos. Certo que o diálogo entre as partes em litígio, e o voto nas urnas neste ano de eleições, confirmariam razões para a fé que não esmorece em instantes conturbados. Ela é  essencial para os ânimos de todos nós.   
Mesmo com a toga da justiça, erros cometidos estão sujeitos a reparos. O volume de atos positivos desestimula o que a história está cansada de reparar: vandalismo e corrupção como status quo e no frigir dos ovos.
Não é só o Estado que tem que se legitimar o tempo todo. Estamos num barco à deriva. Denúncias e agressões chegam a obstaculizar garantias de defesa. O legal e o ilegal, no radar dos analistas oficiais e oficiosos. “De que lado você está” não é o mais importante. Ter foro ou não pode desapropriar a clareza para se compreender a situação. Mas também não cabe desrespeitar a constituição. Sistemas de direito e o Estado legalista não podem ser enfraquecidos.
Um cuidado com as palavras (golpe é uma delas), por também funcionarem como tendenciosos escudos de falsa proteção. Ver bandidos e mocinhos, a cada passo, pode encobrir o que é essencial. Cuidemos do próprio emocional, o que não é fácil. Queda de renda e alta desigualdade, desemprego em crescendo e inflação alta, marcas nos dias de hoje. Não perder de vista mecanismos mais justos de reação. Ser enérgico na paz só acende poderosas energias.
De um lado a obstrução de Justiça; de outro, a politização das investigações. Duas vertentes pecaminosas. Vamos abrir os olhos, e carregar o sangue em impulsos capazes de reinserir o país em melhores dias. Sem ilusões românticas manter na consciência individual valores como paz e energia revitalizadora de uma dignidade a ser sempre lembrada.


___________________ 

Nenhum comentário:

Postar um comentário