Do racha que estamos vivendo, sobra o quê? A politicagem agride o
que é do interesse da população: abrir mão de vantagens pessoais para o fortalecimento
do que se confronta com necessidades básicas para os cidadãos. São tantos os
partidos, tantos os interesses, que o povo nem tem vez. Inclui-se aqui os
excluídos num sistema em que corromper é a regra. Nem tanto para ser feliz, mas
para sobreviver com um pouco de satisfação e dignidade, o que se esperaria da
administração pública? A política do país nunca esteve tão às portas do
inferno. O que não podemos é perder a esperança de que as coisas vão melhorar.
Nossas instituições de pé com a justiça, o aval para afastar a erupção da
violência. É o que precisa estar bem claro em nossa mente: a agressão física
contra pessoas e bens não ajuda a combater o que está errado. Manifestações
pacíficas – o que tem ocorrido – denotam peso favorável à vocação democrática,
mesmo com alguns descompassos. Certo que o diálogo entre as partes em litígio,
e o voto nas urnas neste ano de eleições, confirmariam razões para a fé que não
esmorece em instantes conturbados. Ela é
essencial para os ânimos de todos nós.
Mesmo com a toga da justiça, erros cometidos estão sujeitos a reparos.
O volume de atos positivos desestimula o que a história está cansada de reparar:
vandalismo e corrupção como status quo
e no frigir dos ovos.
Não é só o Estado que tem que se
legitimar o tempo todo. Estamos num barco à deriva. Denúncias e agressões
chegam a obstaculizar garantias de defesa. O legal e o ilegal, no radar dos
analistas oficiais e oficiosos. “De que lado você está” não é o mais
importante. Ter foro ou não pode desapropriar a clareza para se compreender a
situação. Mas também não cabe desrespeitar a constituição. Sistemas de direito
e o Estado legalista não podem ser enfraquecidos.
Um cuidado com as palavras (golpe é uma delas), por também funcionarem
como tendenciosos escudos de falsa proteção. Ver bandidos e mocinhos, a cada
passo, pode encobrir o que é essencial. Cuidemos do próprio emocional, o que
não é fácil. Queda de renda e alta desigualdade, desemprego em crescendo e
inflação alta, marcas nos dias de hoje. Não perder de vista mecanismos mais
justos de reação. Ser enérgico na paz só acende poderosas energias.
De um lado a obstrução de Justiça; de outro, a politização das
investigações. Duas vertentes pecaminosas. Vamos abrir os olhos, e carregar o
sangue em impulsos capazes de reinserir o país em melhores dias. Sem ilusões
românticas manter na consciência individual valores como paz e energia revitalizadora
de uma dignidade a ser sempre lembrada.
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