31/03/2016

MERCADO DE DESEJO 2

Tudo o que se escreve deveria terminar com um etcétera. Procuro complementar minha matéria de 29 de março último. Quando falo em tranquilidade e meditação estou pensando em algo mais específico. Pode ser a “Meditação Transcendental” (MP). Aquela em que através de um mantra para-se o fluxo do pensamento. MP como técnica que se ensina ou formas distintas de meditação. Um ponto comum é o esvaziamento do bombardeio cotidiano. É quando a consciência afasta desejos e preocupações. Mantra pode ser palavra, ou fonemol (sons que não se explicam). Atitude, em qualquer situação ou tarefa, também, desde que se impeça a corrente de consciência de seguir o próprio caminho. A MT não possui uma receita, tipo fórmula inalterável. Cada pessoa pode escolher uma ou mais palavras, frase, pedido, evocação. Atitudes e comportamentos vários: em pé, sentado ou deitado; no silêncio ou realizando tarefas sem maior atenção para funções, metas e objetivos. Aquilo que se faz sem ser “para acertar”, ou “a propósito de”, com vistas a consequências ou anuências. Há depoimentos sobre o “andar a esmo”, “estar preso”, “na cama de um hospital”, “antes de uma prova”, “pescando e devolvendo o peixe à água”, “ao desprezar uma discussão ou atrito“, fazendo qualquer coisa sem um sentido expresso”... Com medo, dores, receios claros ou obscuros, ao sentir a necessidade de se recompor. MT pode se assemelhar a um momento de oração, atitude quando se acalma o espírito, buscando novas energias. Tem a ver com a atitude zen de não pensar; nem pensar em não pensar. Ninguém precisa ser doutor em MT. Acalmando-se, deixar rolar.   
Fazer MT só quando algo nos perturba? Um dado é não querer fugir a todos os problemas. O que nos afeta pode estar fazendo parte de um contexto cármico. Importante compreender o que nos aflige, passo para vencer uma situação desagradável.
A MT chega a contribuir para a obtenção de energias que nos tornam mais acesos e clarividentes. Há artistas, religiosos e cientistas que praticam, cada um a seu modo, a MT.  
Sentar e esquecer, trabalhando o anseio para encontrar respostas. A gente  se tornar “um” com o mundo. Mesmo em momentos difíceis se pode meditar. Fechar os olhos ajuda. Além do que já disse sobre mantras, cabe o uso de imagens (mar, natureza, por exemplo). Posturas, como na yoga, podem ser um bom caminho. Os Beatles receberam a orientação de um hindu.
Ninguém precisa se recolher, sair da vida profissional ou em sociedade para meditar. Temos contas a pagar, compromissos a cumprir e tudo o mais. Não somos monge em um mosteiro, mas pessoas com vida mundana. Sei que desprender-se não é fácil.   
O cineasta David Lynch é um praticante de MT. Ele, que esteve no Brasil em 2009, para lançar o livro “Em águas profundas” (sobre criatividade e meditação). Ele medita assim que acorda e no final da tarde. Faz isso a mais de 30 anos. É produtor de cinema, com uma série de compromissos. Então, não há desculpa para tal potencialidade curadora, às nossas mãos.  

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