Tudo o que se escreve deveria
terminar com um etcétera. Procuro complementar minha matéria de 29 de março
último. Quando falo em tranquilidade e meditação estou pensando em algo mais
específico. Pode ser a “Meditação Transcendental” (MP). Aquela em que através de
um mantra para-se o fluxo do pensamento. MP como técnica que se ensina ou
formas distintas de meditação. Um ponto comum é o esvaziamento do bombardeio
cotidiano. É quando a consciência afasta desejos e preocupações. Mantra pode
ser palavra, ou fonemol (sons que não
se explicam). Atitude, em qualquer situação ou tarefa, também, desde que se
impeça a corrente de consciência de seguir o próprio caminho. A MT não possui
uma receita, tipo fórmula inalterável. Cada pessoa pode escolher uma ou mais
palavras, frase, pedido, evocação. Atitudes e comportamentos vários: em pé, sentado
ou deitado; no silêncio ou realizando tarefas sem maior atenção para funções,
metas e objetivos. Aquilo que se faz sem ser “para acertar”, ou “a propósito
de”, com vistas a consequências ou anuências. Há depoimentos sobre o “andar a
esmo”, “estar preso”, “na cama de um hospital”, “antes de uma prova”, “pescando
e devolvendo o peixe à água”, “ao desprezar uma discussão ou atrito“, fazendo
qualquer coisa sem um sentido expresso”... Com medo, dores, receios claros ou
obscuros, ao sentir a necessidade de se recompor. MT pode se assemelhar a um
momento de oração, atitude quando se acalma o espírito, buscando novas energias.
Tem a ver com a atitude zen de não pensar; nem pensar em não pensar. Ninguém
precisa ser doutor em MT. Acalmando-se, deixar rolar.
Fazer MT só quando algo nos
perturba? Um dado é não querer fugir a todos os problemas. O que nos afeta pode
estar fazendo parte de um contexto cármico. Importante compreender o que nos aflige,
passo para vencer uma situação desagradável.
A MT chega a contribuir para a obtenção
de energias que nos tornam mais acesos e clarividentes. Há artistas, religiosos
e cientistas que praticam, cada um a seu modo, a MT.
Sentar e esquecer, trabalhando o
anseio para encontrar respostas. A gente se tornar “um” com o mundo. Mesmo em momentos
difíceis se pode meditar. Fechar os olhos ajuda. Além do que já disse sobre
mantras, cabe o uso de imagens (mar, natureza, por exemplo). Posturas, como na
yoga, podem ser um bom caminho. Os Beatles receberam a orientação de um hindu.
Ninguém precisa se recolher, sair
da vida profissional ou em sociedade para meditar. Temos contas a pagar,
compromissos a cumprir e tudo o mais. Não somos monge em um mosteiro, mas
pessoas com vida mundana. Sei que desprender-se não é fácil.
O cineasta David Lynch é um
praticante de MT. Ele, que esteve no Brasil em 2009, para lançar o livro “Em
águas profundas” (sobre criatividade e meditação). Ele medita assim que acorda
e no final da tarde. Faz isso a mais de 30 anos. É produtor de cinema, com uma
série de compromissos. Então, não há desculpa para tal potencialidade curadora,
às nossas mãos.
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