17/10/2014

ESTOURO DE BOLHAS




Vivemos tempos complicados, e a crise não é só política. Complicados em termos tanto sociais como culturais. A marca que o tempo imprime, para percebê-la necessário envelhecer. A duração não aparece de imediato. O tempo corre de modo inexorável. Relembrar o passado afim de se compreender o presente? De fato, aprender com o passado. Debates políticos em que só ocorrem agressões, sem projetos de melhoria para a sociedade e os cidadãos, acontecem no passar dos séculos. Lembrar a História com a intensidade do presente. Grande a distância entre a juventude e a maturidade. As transformações do mundo e as das pessoas possuem nuances que nem sempre captamos. De qualquer modo nossa época é menos de frivolidades, chamando atenção para o que sucede ao nosso redor. Pensar só em termos de vencedores e vencidos, havendo desigualdades incríveis para a sobrevivência humana com bolhas estourando não só financeiramente como nas consciências. A maneira de se comportar, de falar, de idolatrar e menosprezar, assim como a arte e a vida, apresentam diferenças e semelhanças históricas. Qual a nossa direção evolutiva? Só criticar a sociedade burguesa ou culpar o populacho não basta. Sinto a importância de um olhar mais distanciado, enfocando ética, moral e espiritualidade. A facilidade das comunicações através da internet, das redes sociais e de blogs, sugere nova cartilha. Oportunidade a não se perder. Momento que nos reserva surpresas de todo tipo, antes inimaginadas. Antevisão de sequências de alto impacto! Violências explícitas, hoje cozinhadas na mídia diária e outras, talvez, muito piores, gerando ceticismo e descrença no potencial humanizador. Sementes de incômodos são plantadas com frequência. Faltaria um olhar frio e microscópico sobre os acontecimentos? Há coisas tão gritantes... Até quando a clivagem do certo e do errado, do bom e do mau, dominará a cena, sem que haja melhor explicitação? Quanto descuido e narcisismo no ato de se expressar e fotografar nas redes sociais! A rotina de imagens banais, como se a vida fosse um eterno gozo. Por vezes nos surpreendemos com um humor contextualizado de alta qualidade. Lances sutis sobre a selvageria reinante, longe do bom selvagem. Brilhos na mídia disponível. Os dos cartunistas chega a ser mais revelador do que denúncias, no bate-boca de interesses mesquinhos. Não basta o hilário dramatizado. Sei que um “olhar superior” requer cuidados, precisa estar mais rente às pessoas com quem se comunica.  

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