05/08/2014

RELICÁRIO



Hora da sesta. Deito, vem a ideia, me levanto, escrevo. Deito outra vez, me levanto e escrevo. Mais outras vezes deito, me levanto, escrevo.
Não busco palavras... Sou colhido por elas. Espécie de luz acesa no relicário do espírito. O que conheço e não uso, ali guardado. Algo difícil de explicar, naturalmente fruto de muitas leituras... E certo esvaziamento.
Espiritualidade... Antes, o ponto de partida foi a barbárie; hoje, pode ser a dor, o sofrimento, a arte. Outras encarnações no percurso. Penso numa religião fora do teto e das paredes do templo. Estado numinoso, alheio a padrões de culpa. A gente em contato com a própria alma. Deus aí.
Somos buscados pela transcendência. Noção e ente, plantados nas civilizações. Raciocínios fugazes pouco ajudam. Momento de fé mais sentida que pensada.

ESTADO MUSICAL

No começo é a percussão. Acompanho cadências, notas (palavras, sentimentos, intenções). Incapaz de ler partituras me ligo em cifras, limbo da memória. Ser fiel ou deformar. Expressionismo como substância das artes. A poética. Atuar nos escaninhos, comportamentos desejados e os imerecidos. Percussão pode cair bem em quem se atenta mais a ritmos novos do que a automatismos. De fato não há caminho. A percussão é que se faz. 

AINDA NO RELICÁRIO

Ao se expressar com palavras e imagens, sacudir estruturas de pensamento e ação. Como faz a criança, melhor exemplo de maturidade. Incrível como repetimos comportamentos no relógio do dia a dia.

Tristezas chegam a ocupar o espaço de alegrias. As pessoas, como gado tangido. Quando jovem, a cavalo, fui atacado por uma vaca. Ela defendia a própria cria.

Falta uma coceirinha de bom gosto, já que é tão fácil dizer bobagens. Bobagens sim. Fora do belo humor, sinal de inteligência mais apurada. Bom gosto, com o melhor a sorver, acontece em astral menos reprodutivo e consumista. Pensadores não só nos livros... Em publicações diversas, postagens na internet, programas televisivos e no rádio.

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