Hora da sesta. Deito, vem a
ideia, me levanto, escrevo. Deito outra vez, me levanto e escrevo. Mais outras
vezes deito, me levanto, escrevo.
Não busco palavras... Sou
colhido por elas. Espécie de luz acesa no relicário do espírito. O que conheço
e não uso, ali guardado. Algo difícil de explicar, naturalmente fruto de muitas
leituras... E certo esvaziamento.
Espiritualidade... Antes, o
ponto de partida foi a barbárie; hoje, pode ser a dor, o sofrimento, a arte. Outras
encarnações no percurso. Penso numa religião fora do teto e das paredes do
templo. Estado numinoso, alheio a padrões de culpa. A gente em contato com a
própria alma. Deus aí.
Somos buscados pela
transcendência. Noção e ente, plantados nas civilizações. Raciocínios fugazes
pouco ajudam. Momento de fé mais sentida que pensada.
ESTADO MUSICAL
No começo é a percussão.
Acompanho cadências, notas (palavras, sentimentos, intenções). Incapaz de ler
partituras me ligo em cifras, limbo da memória. Ser fiel ou deformar.
Expressionismo como substância das artes. A poética. Atuar nos escaninhos,
comportamentos desejados e os imerecidos. Percussão pode cair bem em quem se
atenta mais a ritmos novos do que a automatismos. De fato não há caminho. A
percussão é que se faz.
AINDA NO RELICÁRIO
Ao se expressar com palavras
e imagens, sacudir estruturas de pensamento e ação. Como faz a criança, melhor
exemplo de maturidade. Incrível como repetimos comportamentos no relógio do dia
a dia.
Tristezas chegam a ocupar o
espaço de alegrias. As pessoas, como gado tangido. Quando jovem, a cavalo, fui
atacado por uma vaca. Ela defendia a própria cria.
Falta uma coceirinha de bom
gosto, já que é tão fácil dizer bobagens. Bobagens sim. Fora do belo humor,
sinal de inteligência mais apurada. Bom gosto, com o melhor a sorver, acontece
em astral menos reprodutivo e consumista. Pensadores não só nos livros... Em
publicações diversas, postagens na internet, programas televisivos e no rádio.
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