Difícil não generalizar
qualidades e defeitos, pensando no que pretendemos ser. Ser ou estar sendo.
Fealdades em sentimentos e coisas não são atributos de um território humano específico.
Nações que atingiram grande progresso material exigiriam passagem na rota da matadura.
Desde o mais subjetivo, de ordem ética ou moral, ao bélico destruidor de vidas
... Incluo os donos de verdades rígidas, fundamentalistas, nas diversas nuances
conhecidas. Os que pregam o bem e os partidários das trevas. Tudo partindo de
quem é mais ou menos solidário, ou racional, ou despótico, além dos expoentes da
ciência, da filosofia, das religiões. A política é o que conhecemos e nos
cansamos de suportar. Permanece oculta a bela arte de governar, apregoada pelos
poetas. Por mais atraente que seja a crença ideológica ela lava as mãos se a
medimos nos que a propalam. Uma
grande vergonha de nós mesmos por desprezar o que seria pão para o espírito dos
povos. O menos tocável – a alma – é como um robô girando em falso pelos pontos
dos preconceitos, da violência que agride ou despreza o outro, das sensações
grotescas, e da intuição para avacalhar e cometer atos condenáveis. Nunca
falar, denunciando, foi tão fácil. A mídia que o diga. Difícil suportar a palavra
fácil dos especialistas, os que analisam os atos do governo e se mostram
escandalizados com a corrupção, os erros e os crimes do dia a dia. Tarefa
insana sondar políticos que desceram tão fundo em poço enlameado. Medra o
condicionamento das más tendências. Tecnólogos falham, apressando a obsolescência
da própria tecnologia. Entre o fazer como reflexo e o agir com objetivos, grande
a distância. De outra parte, o foco em metas e funções gera a predominância do
quantitativo. O “para que serve” põe de lado a qualidade do que é servido. A
enumeração de boas e más qualificações geraria uma colcha inconsútil. O homem
como trauma do homem, começando por si mesmo. E agora José?... a pergunta que
não se cala.
Como ficamos diante do espelho? Mecanismos
de escape e mascaramento nos assediam no cotidiano. Compensação (não encarar o
próprio erro), racionalização (desculpa), identificação (imaginar-se o bacana, gênio
ou herói), deslocamento (culpar o outro)... e tantas formas de driblar o ocorrido.
Essa maneira de agir é mais comum do que se possa imaginar.
Supérfluo dizer, mas assumindo um
pouco ares professorais diríamos: pode-se mudar de mentalidade (1); pontos de
vista tradicionais devem ser revistos (2); falar em amor ao próximo é bonito,
mas cooperar torna-se mais tangível (3); conscientizar o fato de que o homem
ideal não existe (4); pode-se construir cooperativamente as regras do próprio
relacionamento (5); investigar o excesso de racionalidade (6); buscar mínimos
de transcendência (7); pressionar menos para que haja maior co-responsabilidade
(8); o homem é transitivo, podendo alterar expectativas (9); possível construir
a personalidade em qualquer contexto social (10); humanizar a burocracia, até
numa estrutura hierarquizada (11); batalhar pela autonomia individual e a interação
social, o que inclui os diferentes (12); a empresa como sistema de co-reflexão
e de cooperação (13); o indivíduo não é uma caixa de respostas (14); interagir
é melhor que nivelar, desde que com lógica e amor (15); participação como geradora
de uma consciência mais responsável (16); o conceito de pessoa, inteligível no
grupo (17); a humanidade como um organismo (18); criação de regras em grupos de
reciprocidade (sentimento do nós) e reversibilidade (pensar o que o outro pensa)...
penúltima (19) de um etcétera. Tudo isso e muito mais determina a maturação dos
fenômenos sociais (educacionais, linguísticos, econômicos, técnicos, artísticos,
religiosos, familiares)... Novo etcétera para não se fechar o que escalonamos (numeração,
condicionamento burocrático). Aqui, nosso mecanismo de escape: compensação? racionalização?...
O “culpado” seria o saudoso Lauro de Oliveira Lima. Um grande obrigado, mestre!
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