10/07/2014

O DEVER DE CASA



Nada é mais prático do que uma boa teoria. Frase conhecida que repercute agora, quando vemos a vitória da teoria em uns, e a derrota da prática em outros. A teoria certa de uns se contrapôs à teoria errada de outros. O resultado da aplicação teórica pode ser a vitória ou derrota na prática, abrangida pela teoria. Tática (teoria) e prática (ação), teoria (abrangente) e prática (agente).  
O futebol, não só como metáfora, representa o que acontece em nossas vidas: agir individualmente ou de forma coletiva. O coletivo não funcionou, daí a “morte” do Brasil na Copa. A tática que privilegia o coletivo (Alemanha), e o individualismo egocêntrico e autoerótico de nossos jogadores... O que provocou a individuação que exclui o “fora de si”? Inequívoco em que faltou um processo que torna cada pessoa “unidade autônoma e indivisível”, totalidade que inclui o que está “fora de si”. Dependência a um pulso totalitário paternalista. Aqui podem entrar: o técnico e assessores, figuras da corporação promotora, imagem a ser exaltada e defendida... A mídia privilegiando o futebol, entre outras modalidades esportivas, como o “ópio do povo”, num “mata-mata” incomum. Premiação e destruição, o humano ameaçado por perda de status, prerrogativas, estar sendo  lançado às feras da crítica sempre à margem da estrada dos competidores. Torcida que se projeta na imagem dos jogadores como eternos protagônicos. “Eles farão o que não consigo”... sentimento crítico, oculto para quem não participa do jogo. A considerada fria Alemanha, supervalorizando a tática (teoria) de forma a propiciar a melhor estratégia (ação), no nível mais abrangente que é o da erótica-dramática, quando tudo tende a se resolver com simplicidade, sem maior comprometimento emocional. A energia alemã, antes das partidas, buscada fora do marqueting badalativo dos aglomerados ruidosos. Consciência do “si-mesmo”, talvez mais percebida do que nos outros grupos em disputa.
Entender que teoria e prática interagem. É como paradigma e ação.
Existe uma mobilidade nessa dualidade, o abrangente mudando de lugar no espaço/tempo. Intuição e razão podem entrar aqui. Por exemplo, cultura (abrangente) pode virar agente (problema) pela especulação quantofrênica (razão), ou por puro sentimento intuitivo.
A dança dos opostos é um dos segredos para a compreensão do fluir vital. Pelo erro se aprende o certo. Nada é fixo, daí se dizer que nunca há perfeição no ato criativo de decisões. O que é pode deixar de ser; o que não é chega a desvendar novas práticas. Copa em casa faz com que o dever proclame o vencer. O número 7 da derrota foi acrescido por um modesto 1, capaz de gerar intuição esperançosa – o gol de Oscar.   

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