Nada é mais prático do que uma boa teoria. Frase conhecida que
repercute agora, quando vemos a vitória da teoria em uns, e a derrota da
prática em outros. A teoria certa de uns se contrapôs à teoria errada de
outros. O resultado da aplicação teórica pode ser a vitória ou derrota na
prática, abrangida pela teoria. Tática (teoria) e prática (ação), teoria
(abrangente) e prática (agente).
O futebol, não só como metáfora, representa o que acontece em
nossas vidas: agir individualmente ou de forma coletiva. O coletivo não
funcionou, daí a “morte” do Brasil na Copa. A tática que privilegia o coletivo
(Alemanha), e o individualismo egocêntrico e autoerótico de nossos jogadores...
O que provocou a individuação que exclui o “fora de si”? Inequívoco em que
faltou um processo que torna cada pessoa “unidade autônoma e indivisível”,
totalidade que inclui o que está “fora de si”. Dependência a um pulso
totalitário paternalista. Aqui podem entrar: o técnico e assessores, figuras da
corporação promotora, imagem a ser exaltada e defendida... A mídia
privilegiando o futebol, entre outras modalidades esportivas, como o “ópio do
povo”, num “mata-mata” incomum. Premiação e destruição, o humano ameaçado por
perda de status, prerrogativas, estar sendo lançado às feras da crítica sempre à margem da
estrada dos competidores. Torcida que se projeta na imagem dos jogadores como eternos
protagônicos. “Eles farão o que não consigo”... sentimento crítico, oculto para
quem não participa do jogo. A considerada fria Alemanha, supervalorizando a
tática (teoria) de forma a propiciar a melhor estratégia (ação), no nível mais
abrangente que é o da erótica-dramática, quando tudo tende a se resolver com
simplicidade, sem maior comprometimento emocional. A energia alemã, antes das
partidas, buscada fora do marqueting badalativo dos aglomerados ruidosos. Consciência
do “si-mesmo”, talvez mais percebida do que nos outros grupos em disputa.
Entender que teoria e prática interagem. É como paradigma e ação.
Existe uma mobilidade nessa dualidade, o abrangente mudando de
lugar no espaço/tempo. Intuição e razão podem entrar aqui. Por exemplo, cultura
(abrangente) pode virar agente (problema) pela especulação quantofrênica (razão),
ou por puro sentimento intuitivo.
A dança dos opostos é um dos segredos para a compreensão do fluir
vital. Pelo erro se aprende o certo. Nada é fixo, daí se dizer que nunca há
perfeição no ato criativo de decisões. O que é pode deixar de ser; o que não é chega
a desvendar novas práticas. Copa em casa faz com que o dever proclame o vencer.
O número 7 da derrota foi acrescido por um modesto 1, capaz de gerar intuição
esperançosa – o gol de Oscar.
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