15/07/2014

A MORBIDEZ CONSENTIDA


A consciência de estar fazendo o papel de idiota me ocorre, às vezes, de modo tardio. Ser mais uma pessoa de ideias reverberadas, com alguns lances de pseudo originalidade, pertence ao estado do meu agir cotidiano. A intelectualidade possui os seus percalços. Pego a vassoura... Quem passa na frente da casa nota isso. Assumo tarefas domésticas e burocráticas nem sempre contrariado. Arrumo camas, faço café, lavo louças, ajudo a pendurar cortinas, abro portas de trinco alto, faço compras em supermercados, atendo com o carro chamadas de parentes e ao buscar e levar pessoas que realizam tarefas combinadas e pagas. Faço concessões, também sentindo algum prazer nelas. Exemplo: o jogo de cartas ao som de jornais televisivos com seus lances de mórbida agenda e propagandas altissonantes. (Todo jornal da TV começa com algum crime ou tragédia.) Privilegio o silêncio, detesto o naturalismo das novelas e o triangular de traições e cenas histéricas. Prefiro ler e ver filmes. Viajaria menos por estradas de alta rotatividade; iria pouco a festas e velórios. Acho que doenças, em geral, seriam melhor tratadas com fitoterápicos, acupuntura e intervenções espirituais. Vale mais o olhar holístico, porém reconheço que, em certas situações, um especialista ortodoxo é fundamental (esses da medicina e da odontologia). Creio no crescendo das manifestações transcendentes, e na não existência da morte, como a concebemos. A vida é uma coisa só, o que mudam são as dimensões. Estamos aqui na Terra para aprender, e resgatar dívidas, não só para ser punido. Sei que o papo sobre evolução, num mundo tão doente, cansa. Isso, pela idiotia preconceituosa. Claro: sem ver e sentir com os próprios olhos, ouvidos e peles... Só se apreende o já sabido. O pior na perda do espírito de busca. Não me simpatizo com doutrinações nem com a arregimentação de adeptos. Hierarquizar é menos importante do que a horizontalidade e a não linearidade nos grupos ativos. Aprovo um método circular, com menos conexões acidentais. Qualquer marketing político ou religioso é pecaminoso, como as maquinações presentes nas ideologias de esquerda e direita. 

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