O fato de não se
precisar defender nenhuma corporação me parece verdadeira dádiva para maior
lucidez. Não que valha a pena se ver como alguém especial. Mais importante é o
prelúdio, face a nossas imperfeições, de que se pode ordenar conteúdos da inteligência
na busca de verdades... Mesmo que haja a consciência de que sempre permaneceremos
aquém de um saber real.
Combinar o
racionalismo freudiano com a sincronicidade junguiana, cada um e a própria
visão do inconsciente, pode ajudar a ver a psique
como totalidade.
Somos uma pessoa
existente e banal. Mas não se deve perder o solo sob os pés. O mundo interior –
nossos pensamentos sobre a vida – não é a única coisa que nos habita. Podemos
sucumbir vítimas do exagero e da irrealidade. Não vivemos em Júpiter... O que temos está aqui. Uma outra vida, não se
apresentaria como a que imaginamos conhecer. Existiria em dimensões não concebidas,
a não ser de forma ficcional, premonitória, ou psicograficamente.
A família e nosso
trabalho podem ser a garantia de que existimos como pessoas normais e
verdadeiras. Campainhas tocam na madrugada, sem que haja campainha em casa; o
rosto de uma pessoa falecida fala com a gente, enquanto dormimos a sesta,
anunciando o que depois acontece. Já vivi situações assim. Um fato sempre presente:
ao começar a escrever, a sensação de encontrar meu eixo. Caso me ocupe com
outras obrigações me destrambelho. Se há uma corte de más influências ela se
desvanece, se assumo a atividade costumeira.
Ligar o incomum a
estados emocionais, como o que contraria regras, é não aceitar exceções. O médium dá aos mortos a possibilidade de
se manifestarem. Tal acontece desde os tempos bíblicos aos nossos dias
circunstanciais. Negar isso por medo ou recusa de alguma crença extemporânea
faz parte do marketing pastoral dos donos de verdades – os que defendem
corporações. Agora, existe uma objetividade tida como racional ou científica
que não aceita a falta de toques no próprio nariz. Comodidade de mentes tacanhas?
Posso pensar assim ou lembrar a advertência platônica de que só aprendemos e
nos modificamos com o que já sabemos.
Na fase de doutrinador
de carteirinha, quem me ouviu fazer perorações para descrentes, pessoas que nem
conheço falaram às minhas costas: “Não adianta insistir, enquanto não chega a hora”.
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