01/06/2014

A SERVIÇO DA ALMA





O fato de não se precisar defender nenhuma corporação me parece verdadeira dádiva para maior lucidez. Não que valha a pena se ver como alguém especial. Mais importante é o prelúdio, face a nossas imperfeições, de que se pode ordenar conteúdos da inteligência na busca de verdades... Mesmo que haja a consciência de que sempre permaneceremos aquém de um saber real.
Combinar o racionalismo freudiano com a sincronicidade junguiana, cada um e a própria visão do inconsciente, pode ajudar a ver a psique como totalidade.
Somos uma pessoa existente e banal. Mas não se deve perder o solo sob os pés. O mundo interior – nossos pensamentos sobre a vida – não é a única coisa que nos habita. Podemos sucumbir vítimas do exagero e da irrealidade. Não vivemos em Júpiter...  O que temos está aqui. Uma outra vida, não se apresentaria como a que imaginamos conhecer. Existiria em dimensões não concebidas, a não ser de forma ficcional, premonitória, ou psicograficamente.
A família e nosso trabalho podem ser a garantia de que existimos como pessoas normais e verdadeiras. Campainhas tocam na madrugada, sem que haja campainha em casa; o rosto de uma pessoa falecida fala com a gente, enquanto dormimos a sesta, anunciando o que depois acontece. Já vivi situações assim. Um fato sempre presente: ao começar a escrever, a sensação de encontrar meu eixo. Caso me ocupe com outras obrigações me destrambelho. Se há uma corte de más influências ela se desvanece, se assumo a atividade costumeira.
Ligar o incomum a estados emocionais, como o que contraria regras, é não aceitar exceções. O médium dá aos mortos a possibilidade de se manifestarem. Tal acontece desde os tempos bíblicos aos nossos dias circunstanciais. Negar isso por medo ou recusa de alguma crença extemporânea faz parte do marketing pastoral dos donos de verdades – os que defendem corporações. Agora, existe uma objetividade tida como racional ou científica que não aceita a falta de toques no próprio nariz. Comodidade de mentes tacanhas? Posso pensar assim ou lembrar a advertência platônica de que só aprendemos e nos modificamos com o que já sabemos.
Na fase de doutrinador de carteirinha, quem me ouviu fazer perorações para descrentes, pessoas que nem conheço falaram às minhas costas: “Não adianta insistir, enquanto não chega a hora”.

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