14/05/2014

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Nossos preconceitos pequenos e grandes... Quando contabilizá-los? Por conta do que foi injetado desde que começamos a nos entender por gente, e virou condicionantes de difícil remoção. O papel da educação, de crenças, costumes, partidos, corporações. Não há dúvida de que temos uma personalidade fragmentária e sujeita a maquiagens. Na base dos preconceitos,  desejos, fantasias, mascaramentos, anseios de poder, medos, ódio, angústias. A necessidade de obediência para não destoarmos do que é comum em filhos, parentes, empregados, dirigentes, alunos, grupos comunitários, partidos políticos, sectários. Um mau senso muito bem repartido. O mundo virando pasto com as ervas daninhas das exclusões, o espírito territorialista, a necessidade de seguir verdades e se fechar em grupos, o que são padrões impostos, o que é moda comandando gostos e mentes. Atitudes e comportamentos repetitivos. Vida por reflexo condicionado, a consciência lavada como em ratos de laboratório.  Restou a violência em todas as suas formas, das mais sutis às mais explícitas, num crescendo que arrepia. Vemos isso no futebol, nos esportes, nas atividades recreativas, em escolas, nas torcidas, nas manifestações públicas, na concentração de renda.

Hoje, leio em um só jornal, colunistas importantes comentando situações de preconceito racista, incitações escabrosas de um membro ativo até de comissão de ética, sobre um Judiciário capenga, a assustadora epidemia de brutalidade na América Latina... e no mundo. “Os macacos da vaidade”, “De bruxas e monstros”, “Isso é que é Justiça”, “Enfermos de violência”... Artigos de João Pereira Coutinho, Eliane Cantanhêde, Janio de Freitas, Clóvis Rossi. Tudo isso em 13 de maio de 2014. Cito ainda a matéria “Negros, liberdade e nação”, de José Vicente. É demais num momento pré-Copa e ano eleitoral. Para não falar na enxurrada de atos de vandalismo, protestos, assaltos, homicídios.  

O contundente filme premiado “12 Anos de Escravidão”, considerado chocante pelas cenas de tortura. Nos países, aonde a escravatura durou mais tempo? “Por mais de 350 anos, a escravidão e o tráfico negreiro constituíram a essência da economia e da vida nacional, tendo definido a fisionomia, o ethos, bem como promovido os acúmulos econômicos e financeiros públicos e privados que hoje colocam o país entre as dez maiores economias do planeta”, diz o autor do artigo “Negros...”, José Vicente, doutor em educação e reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares.     

Conforme o prometido neste texto, enumero alguns considerados pequenos preconceitos. Até se confundem com manias. Não me importar com etiquetas à mesa; não me vestir segundo a moda; não frequentar megaeventos; me fazer de surdo quando o que dizem não me interessa; não apreciar fofocas, nem celebridades; ver meus erros como indagações, de forma poética; privilegiar uma visão estética (sensível) do mundo; aceitar a filosofia na forma de perguntas e questionamentos; não ver teorias como inabaláveis; não apreciar especialidades (saber tudo sobre nada), mas especializações (em microcirurgia, por exemplo); preferir a medicina holística; não me influenciar com economistas; ver o corpo como abrangente; ver a acumulação monetária como problema; não apreciar a política que se pratica... Lista incompleta, mas prometo voltar a ela.  

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