Nossos
preconceitos pequenos e grandes... Quando contabilizá-los? Por conta do que foi
injetado desde que começamos a nos entender por gente, e virou condicionantes
de difícil remoção. O papel da educação, de crenças, costumes, partidos, corporações.
Não há dúvida de que temos uma personalidade fragmentária e sujeita a
maquiagens. Na base dos preconceitos, desejos,
fantasias, mascaramentos, anseios de poder, medos, ódio, angústias. A necessidade
de obediência para não destoarmos do que é comum em filhos, parentes, empregados,
dirigentes, alunos, grupos comunitários, partidos políticos, sectários. Um mau
senso muito bem repartido. O mundo virando pasto com as ervas daninhas das exclusões,
o espírito territorialista, a necessidade de seguir verdades e se fechar em grupos,
o que são padrões impostos, o que é moda comandando gostos e mentes. Atitudes e
comportamentos repetitivos. Vida por reflexo condicionado, a consciência lavada
como em ratos de laboratório. Restou a violência
em todas as suas formas, das mais sutis às mais explícitas, num crescendo que arrepia.
Vemos isso no futebol, nos esportes, nas atividades recreativas, em escolas, nas
torcidas, nas manifestações públicas, na concentração de renda.
Hoje,
leio em um só jornal, colunistas importantes comentando situações de preconceito
racista, incitações escabrosas de um membro ativo até de comissão de ética,
sobre um Judiciário capenga, a assustadora epidemia de brutalidade na América
Latina... e no mundo. “Os macacos da vaidade”, “De bruxas e monstros”, “Isso é
que é Justiça”, “Enfermos de violência”... Artigos de João Pereira Coutinho,
Eliane Cantanhêde, Janio de Freitas, Clóvis Rossi. Tudo isso em 13 de maio de 2014.
Cito ainda a matéria “Negros, liberdade e nação”, de José Vicente. É demais num
momento pré-Copa e ano eleitoral. Para não falar na enxurrada de atos de vandalismo,
protestos, assaltos, homicídios.
O
contundente filme premiado “12 Anos de Escravidão”, considerado chocante pelas
cenas de tortura. Nos países, aonde a escravatura durou mais tempo? “Por mais
de 350 anos, a escravidão e o tráfico negreiro constituíram a essência da
economia e da vida nacional, tendo definido a fisionomia, o ethos, bem como promovido
os acúmulos econômicos e financeiros públicos e privados que hoje colocam o país
entre as dez maiores economias do planeta”, diz o autor do artigo “Negros...”, José
Vicente, doutor em educação e reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares.
Conforme
o prometido neste texto, enumero alguns considerados pequenos preconceitos. Até
se confundem com manias. Não me importar com etiquetas à mesa; não me vestir
segundo a moda; não frequentar megaeventos; me fazer de surdo quando o que
dizem não me interessa; não apreciar fofocas, nem celebridades; ver meus erros
como indagações, de forma poética; privilegiar uma visão estética (sensível) do
mundo; aceitar a filosofia na forma de perguntas e questionamentos; não ver
teorias como inabaláveis; não apreciar especialidades (saber tudo sobre nada), mas
especializações (em microcirurgia, por exemplo); preferir a medicina holística;
não me influenciar com economistas; ver o corpo como abrangente; ver a acumulação
monetária como problema; não apreciar a política que se pratica... Lista incompleta,
mas prometo voltar a ela.
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