21/05/2014

AS PALAVRAS E AS COISAS



Continua a me intrigar o nome que dou ao que expresso.
A obra “Ninho de Silêncio” se explica por si. Parece um apêndice do autor, aquela prótese que se acrescenta ao organismo. Eu me convenço que realizações literárias ou nas artes visuais possuem respeitosa autonomia. De onde provêm e para onde vão... Pertencem a uma totalidade, como o círculo ou a esfera. A natureza é o “Um”, fora do consciente do autor. Sua integração na consciência é tarefa importante no processo de individuação. É quando viramos totalidade, semente que passa a ser árvore adulta. “Realização do si-mesmo”, mais do que um simplesmente “Eu”,
 incluindo o universo. Ao dizer isso, à luz de Jung, que se entenda processo como começo continuado. “Não somos”... É como se estivéssemos sendo. Essa consciência, que inclui o inconsciente, faz pensar numa rota de chegada sem que nunca se chega ao destino. Uma incompletude. A determinação está na forma e assim mesmo em grau limitado. Temos a sensação intuitiva de que o caminho se faz com os próprios passos. Sentir-se assim é não ter necessidade de se explicar, o que implicaria em liquidar esse tipo de arquétipo. É como viver sob uma sombra luminosa que engloba todo o aspecto histórico do inconsciente.  Carrega o repreensível e um certo número de boas qualidades. Talvez pela sombra eu me sinta muitas vezes torto ou ingênuo, principalmente nas relações burocráticas e de força, quando se é subjugado por um sistema. É quando sofro por querer exprimir algo que não sei direito, cuja interface não compreendem. É o estado, identificado como servindo à minha “poética do erro”. Atuo por circunvoluções, contornos sinuosos, dificilmente em linha reta. Eu me aproximo da esfera consciente/inconsciente. A ponte aqui é estabelecida pelo si-mesmo. 

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