02/04/2014

VIVER E SER



Tenho falado contra o abuso do pensamento racional, aquela coisa de fazermos o papel de “idiotas da objetividade”.
Há um outro aspecto que é o das fantasias ameaçadoras que nos impedem de assumir riscos racionais, parcela do crescimento e do viver.  Preferimos não resolver o impasse que permitirá esse desenvolvimento. Manter o que é medíocre, como se nossas neuroses fossem o mais importante. Vida, trabalho, relações superficiais ou conflituosas, tudo na base de uma rotina de manipulações consensuais. Loucos por controle, loucos por poder. Por vezes desempenhamos o papel de quem representa o desamparado, o estúpido, o grosseiro. Assim por diante. E se buscamos tratamento psicológico é para melhorar nossas neuroses, não para alcançar a cura. Quem é louco por controle, acaba sendo controlado. Construímos horários que acabam nos escravizando. Somos os primeiros a perder a liberdade. Ao invés de estar no controle, nos esticamos e comprimimos o tempo todo.
É o caso de não buscar meios de sobrevivência e autorrealização em nós próprios. Quando nos pôr face a face com o que geramos na forma de bloqueios, inibições? Quando admitir que temos olhos, ouvidos, músculos, autoridade, segurança? Sentir-se imobilizado, preso, é uma questão de fantasia. Isso não existe na realidade. Achamos que não dispomos de recursos. De fato não fazemos uso do próprio potencial, enquanto conjeturamos expectativas catastróficas. Elas nos impedem de viver, de ser.  Necessário preferir o que se vê, ouve, percebe. Como no caso de Sidarta, personagem do livro de Herman Hesse,  ao virar barqueiro num rio, ouvidos passaram a dizer muito mais do que qualquer dos grandes sábios. Vamos reassumir nossas partes rejeitadas da personalidade. Necessário aprender sobre sintomas negativos indicados pela palavra evitar. Boa pista se tem nos sonhos, quando se aplica o evitar, a fim de fugir ao desconforto. As coisas se complicam, começa a confusão. Aí, não se entende mais nada.

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