Fácil
reconhecer que o mundo atravessa uma crise de valores, e nós sem conseguirmos
enxergar por cima do caos e das tormentas, dos prazeres e das dores. Existe
algo além, por certo. Coisa de instinto, a alma querendo buscar algo mais, o
que podemos chamar de espiritualidade. Potencial criador para as descobertas da
sabedoria. A ordem e as leis da sociedade, a religião, a moralidade, as artes e
a técnica, o que pode melhorar a existência terrestre. Onde a chave da
distinção entre o bem e o mal? Qual o critério para distinguir o humano do anti-humano,
num mundo onde grassa a corrupção e a violência nas suas formas mais ou menos
diretas, até as sutis e pouco nomeadas. Qual o caminho do espírito e da
liberdade? Quando dar ao outro o que de melhor alcançamos?
SINCRONICIDADE
Existe
uma sincronicidade mais visível do que imaginamos. Gostaria
de citar alguns casos com relação à minha
produção literária. O fato de darmos nomes e formas às nossas realizações no
campo das artes. Obras modestas e de pouco valor, mas em que atuamos como quem
rabisca sobre os joelhos. A gente no que faz. “Ecos e Sombras” publicado em
2007. O nome aconteceu como me soando aos ouvidos de forma inopinada. Hoje,
anos 2014, estou lendo os textos jornalísticos do filósofo Olavo de Carvalho –
“O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota”.
Voltando
ao meu primeiro livro publicado, não deixo de me intrigar com o título.
Superficial que me sinto, numa visão estética das coisas, sem reflexões mais
aprofundadas, cheguei a pensar até na gratuidade do nome. Talvez teatral
demais. À página 63 do livro do Olavo leio: “Toda a história da nossa cultura é
a do eco de um eco, da sombra de uma sombra”. Sei que sempre peco pela falta de
originalidade, eu me vendo como articulador de saberes, e menos como um criador.
Olavo de Carvalho escreveu isso em 31 de dezembro de 1999. Meu contato com suas
palavras foi ontem, 4 de abril.
SINCRONICIDADE
2
Estou
para lançar meu primeiro e-book: “Ninho de Silêncio”. O nome anterior era “Nem
portos, nem corruptos”, que eu acredito menos palatável para uma obra digital. Agora
leio na Ilustrada, da Folha, sobre mostra de arte em que se fala em “silêncio”,
ponto zero, como contagem regressiva ou partida para nova vivacidade a
conquistar.
Causa
espécie o autor explicar o que realizou, mas vamos lá. Vejo fases para meus
originais engavetados. “Ninho” pertence a uma fase de precária pureza e claridade. Sobre o que,
talvez, eu preferisse silenciar. Apagar não dá.
RESGATE
E TRAJETÓRIA
Todo
corpo em movimento descreve uma linha. Trata-se de marca vital. Costumo agir,
sem fazer quase nada. Sem me preocupar com funcionalidade e resultados. É como
se prepara para um salto... O vazio pode ser pleno de possibilidades. Parece
que escrevo, ou faço arte, ao sentir pruridos no espírito. Talvez explore antes
aspectos importantes da mente. Há um eu consciente e forças inconscientes a
serem compreendidas. Não somos imunes ao formalismo dos enfoques redutores,
quando prevalecem significantes linguísticos.
Resgate
e missão... A fronteira aqui chega a ser tênue. Pensando em Inez de Castro, foi
resgate ou missão? Mensagens recebidas por Chico Xavier dizem que foi missão. A
poeta Adélia Prado falou, outro dia (Roda Viva, TV Cultura), que o sofrimento é
essencial (mais ou menos isso) para o nosso crescimento. Ele nos enriquece. No
caso do poeta, aprimora a própria obra.
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