Me
emociona lembrar o que ajudou a construir o que estou sendo hoje. Você falar em
família como um valor supremo... Família, um ninho, nem sempre do silêncio e da
compreensão. Sede de alegrias e tristezas. Tudo que costuma estar muito
próximo no tempo, tempo imagem da eternidade. Família, Deus e o que é
territorial. Coisas boas e ruins... Em nome de Deus quantas guerras e miséria
espalhadas! Deus, divindade, anjos, demônios. Aplicar aqui a peneira do amor e
da solidariedade, desafio imenso. O problema é a fala sem vivência e exemplo. Família,
Deus, liberdade. Liberdade para quem? Representante de qual ideologia, partido
ou corporação? Estão vendo como o mundo não é tão simples assim? Quando a
palavra corresponde à coisa, na essência da coisa? Talvez, o único exemplo que
vale a pena acatar é o da moral e da ética. Moral e ética também precisam ser
explicitadas, para se saber de que lado estão. A Família com Deus pela
Liberdade, na volta que ocorreu há pouco, antes desencadeou o autoritarismo de prisões,
torturas, assassinatos, impedimentos à liberdade de expressão. O que tivemos
foi ditadura militar de direita. As de esquerda, que ocorreram e acontecem,
também são nefastas. Li Ruy Castro falando sobre o ato recente de “marcha a ré”.
Dois movimentos opostos, com as próprias razões. Um deles deu no que deu... e
como é difícil consertar o que sobrou! Inspirado em Ruy posso lembrar os pequenos
jornais alternativos da época (anos 60/70). Eles me ensinaram a pensar e a
escrever. Eu trabalhava com psicopedagogia em importantes instituições, do
governo, bancárias e industriais. A filosofia, cujo ensino foi cortado pela
ditadura, só anos depois de formado comecei a lecionar. Na minha trajetória
passei do condutismo para o interacionismo. Explicando: Aprendi a condicionar,
para respostas mais eficientes (meios) e eficazes (objetivos). O passo seguinte
foi da não-diretividade pedagógica, voltada para a autonomia individual e a interação
social. O autor do artigo “Marcha a ré” (Ruy Castro, Folha de 19/3/14), lembra
ícones da época da implantação da ditadura militar. Do como se vivia cito a
Bossa Nova, o reinado da minha anima com a testosterona em alta, meu noivado e
casamento, os penteados femininos, as praias, a natureza de Atibaia, o Pasquim,
o Grilo (quadrinhos), a amizade de Lauro de Oliveira Lima e G.W.G. Moraes...
Muitos outros a citar. Lembro
o
caratê, a paixão por cavalos (só tive pangarés), os meus recitais shakespeareanos,
a experiência com teatro, na faculdade e nos meios semi (“Jovens independentes”)
e profissional (TBC), a filosofia pura que levei 10 anos para concluir (PUC e
USP), eu não me envolvendo no clima universitário agitado. Ruy conclui o artigo
não recomendando a “Marcha” que se queria chamar de volta... e aconteceu nestes
dias. “Sob eles [os militares], a família se esgarçou, a liberdade acabou e, em
pouco tempo, o próprio Deus saiu de fininho para não se comprometer”. Vale
reconhecer que o governo dos generais modernizou a economia e fez o país
crescer sem evitar, no fim do regime, alta da inflação anual (200%) e o aumento
da dívida (recessão).
Verdades
são desmascaradas e se esgotam. Donos da verdade, de qualquer área de ação e do
saber, definem pecados. Desconfiar de quem aponta, com o dedo em riste. São os
que definem pecados. Há os ideólogos, os que não se simpatizam com certa
pessoa, os inventores de pecados que se esqueceram de inventar o perdão (música
do Chico Buarque), o código de grupelhos corruptos da política, além de bandidos
de todos os tipos.
Que
Deus nos proteja!
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