29/03/2014

SAIR DE FININHO



Me emociona lembrar o que ajudou a construir o que estou sendo hoje. Você falar em família como um valor supremo... Família, um ninho, nem sempre do silêncio e da compreensão. Sede de alegrias e  tristezas. Tudo que costuma estar muito próximo no tempo, tempo imagem da eternidade. Família, Deus e o que é territorial. Coisas boas e ruins... Em nome de Deus quantas guerras e miséria espalhadas! Deus, divindade, anjos, demônios. Aplicar aqui a peneira do amor e da solidariedade, desafio imenso. O problema é a fala sem vivência e exemplo. Família, Deus, liberdade. Liberdade para quem? Representante de qual ideologia, partido ou corporação? Estão vendo como o mundo não é tão simples assim? Quando a palavra corresponde à coisa, na essência da coisa? Talvez, o único exemplo que vale a pena acatar é o da moral e da ética. Moral e ética também precisam ser explicitadas, para se saber de que lado estão. A Família com Deus pela Liberdade, na volta que ocorreu há pouco, antes desencadeou o autoritarismo de prisões, torturas, assassinatos, impedimentos à liberdade de expressão. O que tivemos foi ditadura militar de direita. As de esquerda, que ocorreram e acontecem, também são nefastas. Li Ruy Castro falando sobre o ato recente de “marcha a ré”. Dois movimentos opostos, com as próprias razões. Um deles deu no que deu... e como é difícil consertar o que sobrou! Inspirado em Ruy posso lembrar os pequenos jornais alternativos da época (anos 60/70). Eles me ensinaram a pensar e a escrever. Eu trabalhava com psicopedagogia em importantes instituições, do governo, bancárias e industriais. A filosofia, cujo ensino foi cortado pela ditadura, só anos depois de formado comecei a lecionar. Na minha trajetória passei do condutismo para o interacionismo. Explicando: Aprendi a condicionar, para respostas mais eficientes (meios) e eficazes (objetivos). O passo seguinte foi da não-diretividade pedagógica, voltada para a autonomia individual e a interação social. O autor do artigo “Marcha a ré” (Ruy Castro, Folha de 19/3/14), lembra ícones da época da implantação da ditadura militar. Do como se vivia cito a Bossa Nova, o reinado da minha anima com a testosterona em alta, meu noivado e casamento, os penteados femininos, as praias, a natureza de Atibaia, o Pasquim, o Grilo (quadrinhos), a amizade de Lauro de Oliveira Lima e G.W.G. Moraes... Muitos outros a citar. Lembro
o caratê, a paixão por cavalos (só tive pangarés), os meus recitais shakespeareanos, a experiência com teatro, na faculdade e nos meios semi (“Jovens independentes”) e profissional (TBC), a filosofia pura que levei 10 anos para concluir (PUC e USP), eu não me envolvendo no clima universitário agitado. Ruy conclui o artigo não recomendando a “Marcha” que se queria chamar de volta... e aconteceu nestes dias. “Sob eles [os militares], a família se esgarçou, a liberdade acabou e, em pouco tempo, o próprio Deus saiu de fininho para não se comprometer”. Vale reconhecer que o governo dos generais modernizou a economia e fez o país crescer sem evitar, no fim do regime, alta da inflação anual (200%) e o aumento da dívida (recessão).      
Verdades são desmascaradas e se esgotam. Donos da verdade, de qualquer área de ação e do saber, definem pecados. Desconfiar de quem aponta, com o dedo em riste. São os que definem pecados. Há os ideólogos, os que não se simpatizam com certa pessoa, os inventores de pecados que se esqueceram de inventar o perdão (música do Chico Buarque), o código de grupelhos corruptos da política, além de bandidos de todos os tipos.
Que Deus nos proteja!

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