Pode-se ver revoluções e eleições como
surtos, coisas passageiras, o que ocorre também com manifestações populares...
Lembro as de junho do ano passado.
Escrevi “A Arte Grotesca” (anos 80) pensando
na política praticada, pouco tendo a ver com tábua de salvação.
Na política, a ideia de “um mundo
melhor”chega a ser extra-terrena.
Só quando a política vira religião é que
conclama multidões, pelo fanatismo.
Como diz Pondé, “a religião deita
raízes, como tudo mais de humano, na força que de fato nos forma, o desejo, que
em nós é atávico como nosso cérebro réptil”.
Sem entrar nos pressupostos do filósofo
Pondé, quando denuncia picaretas que se dizem representantes dos deuses,
concordamos com o papel da religião ao organizar nossos delírios.
Delírios fazem parte da mente animal e
irracional.
Há um utilitarismo que afirma que os
seres humanos buscam a redução do mal-estar e a otimização do bem-estar. A
religião atua como modus vivendi para
diminuir nosso mal-estar.
No artigo da Folha (6/1/2014) Pondé fala
no risco de reptilização da fé. “Em cada um de nós vive um Australopithecus
pronto a romper seu exílio em nossas maneiras afetadas de civilizados.”
Ao gritar, erguendo as mãos, em nome dos
deuses,
tal grito sugere o berro da
ancestralidade.
“A verdade do homem não está no que ele
diz, mas no que ele faz em nome do que ele diz”.
Agora,
reduzir a capacidade de interpretação do mundo dos espíritos aos picaretas da
fé é algo também pré-histórico.
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