22/11/2013

PELE À PROVA DE BALAS (às 3 horas)



Tenho amado, retribuindo pouco.

Mesmo revestidas de mel, balas bélicas, não perdem o caráter de fel. Penso em quem me declara amor, até publicamente. Amor que me parece mais com sentimento de posse. Talvez preferível reclamação de dores sofridas, numa velada carência. Digo, com alguma maldade, que o “publicamente” adquire caráter de cobrança.
Me é difícil aceitar pedido de afeto. Sei que o amor nunca recua. Mas não devassar um espírito que se esforça por esvaziamento meditativo. Trata-se de busca de boas energias e compensação para males de impulsos devidos à irreflexão. Amor, para se expandir, depende de faíscas provocadas por bons estímulos para o físico e a alma. Como lembra Emmanuel, precisamos de pele de rinoceronte para não cair com qualquer alfinetada.  
Vale a coragem para continuar lutando contra as próprias deficiências. Reconhecê-las, já um problema; enfrentá-las com ações concretas maior desafio. Ataques nos incitam a trabalhar pelo próprio aperfeiçoamento, ajudando a promover interação positiva com quem amamos.
Outra de Emmanuel: “O martelo que atormenta o prego com pancadas o faz mais seguro e mais firme”. E há um riso bom para situações de ataques. Não tão no fundo, sei que estou me defendendo. Reconheço minha fragilidade. Já passou a fase – é meu desejo – de buscar o sucesso. Deixei de fazer performances, papéis dramáticos ficaram para cinema e teatro, numa autorreferência analítica. Acredito que para anos bissextos. Sei que nem todo ideal é atingido no dia a dia, mas vale algum esforço. Ao contrário, em nossa sociedade, comum o desejo de atingir o patamar de vitórias. “Favores do mundo”, como se a gente vendesse, da melodia, os próprios acordes, o que leva a um enferrujamento. Hoje, na tv, assistimos a programas destinados a promover artistas ao estado de celebridades. Tal a carpintaria, tipo “Vênus platinada”, que o êxito veste-se com tal aura. Candidatos se venderiam a um estágio da Conceição que desceu.  Quantos já subiram ao topo, para cair de forma irreversível. Encerro minha fala lembrando alguém que atingiu ponto de reconhecimento, devido à própria humildade. Pintora de círculos e trabalhos com os olhos vendados. Aos cem anos completados hoje (21.11.2013), Tomie Ohtake, apresenta mostra em seu Instituto. Diz ela: “Meu pincel tem ficado mais movimentado”. Segundo seu filho Ricardo Ohtake, a mãe trabalha no limite entre o gesto e a abstração geométrica.

Citei o guia de Chico Xavier e autor de vários livros. Ao indagarem: “um morto escrevendo?”, veio a resposta de Emmanuel: “Todos nós estamos vivendo”.

No evangelho: “Aquele que quiser ser o maior, que se faça servidor de todos”.
(Às 5 horas fui para a cama, adormecendo, talvez, uma hora depois.)   

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