25/11/2013

A NATUREZA E SEUS MISTÉRIOS



Gosto de encarar meu lado que muitos veem como quixotesco. O extraordinário me fascina, na literatura e na ciência. A filosofia nos serve para especular. Meu contato com intelectuais pessimistas, ateus, agnósticos, gente racionalista e descrente, serve para produzir faíscas a mover o meu motor pouco comportado. Desde o colégio que um colega muito inteligente me chamava de metafísico. Ele nos ajudava para as provas de física e matemática, a gente passando a madrugada estudando. Eu bocejava o que acionava o sono do outro companheiro que também abria a boca num longo espasmo. Pessoas sérias chegam a revelar,  pelo menos, aquela “dúvida metódica” cartesiana. As chamadas provas científicas, respeitáveis, são uma espécie de farol para todos nós. O que não é comprovado na forma laboratorial, nem por isso deve ser desprezado. Cientistas que pesquisaram fenômenos metapsíquicos, muitos, chegaram a confirmar o que não era só verossimilhança. Outros, sérios agnósticos, preferiram trabalhar na busca de uma “teoria final” que explicasse o mundo e a vida. Até hoje nada se concluiu. Sobre a imperfeição da natureza e a saga da ciência na trilha para chegar a verdades, cito Marcelo Gleiser, físico cosmológico. Artigo dele, publicado na Folha, último domingo (24/11/2013), termina com a frase: “Explicações mais ordinárias dominam a ausência de provas extraordinárias”. Ele se referia às abduções, fenômeno em que pessoas são sequestradas por extraterrestres em nave alienígena. É quando tende a ocorrer exames médicos sobre reprodução ou de natureza sexual, o sujeito com marcas misteriosas no corpo. Marcelo observa que relatos de abdução atingem os milhares. No Brasil ocorreu o primeiro caso de abdução, em 1957. Ganhou notoriedade.

Considerando a “natureza  imperfeita” pelos mistérios não revelados e, pelo menos, não desvendados; e a ciência com os seus desacertos, por mais meritória a busca de uma explicação final para tudo que existe, fico com a especulação e o que contemplo, vejo, ouço, percebo. Como Heráclito, século VI a.C., minha cosmovisão é estética. Estética tem mais a ver com sensibilidade do que com a mente quantofrênica. Esta trabalha com funções, objetivos quantificados... Reconheço a importância da física clássica mas acredito que “Deus joga dados”. Eu me interesso por asserções extraordinárias.

Acredito que boa parte das pessoas possui relatos não científicos (sentido causal, newtoniano), sobre ocorrências metapsíquicas ou tida como espiritistas ou paranormais. Quem disse que o anormal é desprezível? Nele pode estar verdadeira riqueza de sentidos, tornando a vida terrena justificável. Há os São Tomés que precisam tocar sensorialmente para crer, ou um raio para acordar. Pelo menos uma “dúvida metódica” , face a fenômenos extrassensoriais a desafiar maior acuidade perceptiva. A sensação de que mortos e encarnados “estamos vivos” não depende de simples intuição. Nada mais natural do que o sobrenatural.     

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