21/11/2013

O AMOR NUNCA RECUA



Se a leitura é um valor importante, penso em livros que nos auxiliam na luta pela vida. Não é à-toa que obras de autoajuda são hoje muito procuradas. As pessoas querem buscar o sentido da própria existência. Lembro o best seller “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, com a primazia de vendas.
Bem antes do surgimento da internet – hoje uma alternativa a mais para a compreensão do mundo – , busca-se nos livros (impressos em papel e digitais), formas de “fugir aos males sem os experimentar”. A leitura da Bíblia e dos evangelhos sempre a referência, só perdendo para os cultos religiosos pela presença física mais ativa.

Nossa sociedade está pouco preparada para a realização plena do homem,  em virtude da fissura pela produção e pelo consumo de coisas. É só entrar nos grandes estabelecimentos comerciais e ver o que existe de itens supérfluos... milhares e milhares. O que resta para que a gente tenha as principais necessidades satisfeitas, e se sentindo protegido e amado?

Mais importante do que o nível de vida é a qualidade de vida. O que as normas coletivas ditam, e o que a conduta individual acata? Vontade e  capacidade de escolha precisam ser encaradas e fortalecidas.

E o papel da sociedade e dos poderes? O dado político de que a democracia é a solução, possui um aspecto prático e vital: torná-la realidade com os cidadãos protagônicos, ou seja, se sentindo parte identificada e participante nas realizações sociais.

Precisamos de ideias amplas e minuciosamente desenvolvidas. Não basta só prescrever leis que exaltam a ética e a moral. Cabe aos poderes e aos humanos pô-las em prática (perdoem a ênfase a verdades universais e de universal consenso).

Pulando para a prática, como enfrentar a avalanche de estados depressivos, quando a intolerância às frustrações e ao sofrimento é uma de suas características? Algo a ser despertado em cada pessoa é a consciência de que estamos à procura da vida e não da autodestruição.

A instituição familiar deve se definir pela “intimidade partilhada”.  Uma interdependência entre pais e filhos, avós e netos. Troca benéfica de influências entre parentes, agregados e amigos. Se o exemplo deve vir de cima, muito se aprende na troca com os mais novos. Não que normas sociais e critérios legais devam ser desprezados, pelo fato de essa instituição estar inserida numa realidade formal. O amor é o aglutinante, embora por vezes possam surgir desavenças pouco compreendidas. Comum se tratar de expectativas geradas pelo considerado “politicamente correto” e por dogmas provocadores de atitudes autoritárias. Distinguir o que é mais estrutural e menos perceptivo (nível de impulsos), sem maiores consequências entrópricas. Não que deixem de merecer consideração os pequenos conflitos.

Voltando à leitura, como valor de crescimento humano, a literatura e a história nos propiciam lições. Tanto obras publicadas em papel, ou digitais, como filmes romanceados ou documentais. Reflexões, a pessoa diante de perspectivas a sugerir atitudes e comportamentos a modificar no seu dia a dia. Existe o que não é de agora, mas tem a ver com nossas origens, inclusive intelectuais: arquitetura, filosofia, arte, ciência, educação.

Preconceitos de toda ordem; a relação entre opressores e oprimidos;  escravidão de forma explícita e velada; variadas formas de hipocrisia...
Cidades e casas muradas... Vivo atual situação com a construção da casa do vizinho. Grande muro... a tirar a visão do verde, da terra e dos olhos do sol. Maria e eu nos sentimos chocados. Depois, tijolos com fendas passaram a abrigar ninhos de pássaros. No topo do muro, mais tarde, uma cerca elétrica. Vida entre o limite do poder e do agredido.
Nas cidades da antiguidade, muralhas separavam ricos e pobres. O incrível progresso material, intelectual e militar, concentração de renda e bens, condicionantes de marginalidade e pobreza.
Notáveis organizações imperialistas se apropriavam da cultura de outros povos. Crianças e mulheres marginalizadas, quando não objeto exposto no mercado de compra e venda. Prisão, tortura e assassinatos nas mãos de poderosos.
 A educação servindo a oligopólios escravagistas. Guerras. Mais mortes, maiores os louros. Projetos explícitos ou não para dominar o mundo.
Antes correios, no transporte trocas de cavalos (Roma). Hoje a web, menos energia sem a ajuda das mãos sobre o papel (cartas).
Aviltamento de valores éticos e morais até em nome de Deus. Mãos que oram e apedrejam. Apedrejamento não nos dez mandamentos, mas nas leis civis... e no coração dos homens, a partir do medo e do ódio. Sempre formas explícitas ou não declaradas... A homenagem que o vício presta à virtude (La Rochefoucauld).

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