Quantas vezes temos a sensação de que
possuímos a verdade! Verdade como paradigma absoluto ou noção delirante revestida
de forma eufemística. “Eu sei”, “pensando com clareza e segurança”, “aprendi a
duras penas” ... Um dicionário “pai dos burros” teria em suas páginas: “verdade
inconteste”, “verdade nua e crua”,
“verdade seja dita”. Quando Jesus foi indagado sobre o que é a verdade, ele
simplesmente se calou. Imagine a gente querendo passar “coisas profundas”. O
que é profundo é profundo para quem? Num clima social como o nosso, sempre
privilegiando superficialidades e entretenimento, pretender caráter de dono do
saber é para mentes insanas. Minha
autocrítica como educador frustrado, mais da metade da vida dando lições, certo
que nunca ensinei coisas acabadas, pelo menos com essa convicção. Na maior
parte, passei “esquemas” em situação de vivência. A grande frustração foi
quando, na época da internet, os alunos não queriam experienciar novas vivências
e abominavam a reflexão. Pendurei as chuteiras, preferindo as artes, diapasão para
o apuro da sensibilidade. Abrir coração e mente para outros níveis do pensar e
do sentir. Palavras e imagens, pérolas encontradas na lama... Mas, para quem?
Não se iluda leitor. Querer que ouçam o que nos empolga, palavras indagadoras,
solicitações de afeto, sugestões para que se tome este ou aquele caminho estão
na linha do “dever ser”. Logo de cara a gente se percebe em nível superior, às
vezes com a toga do iluminado.
Melhor a humildade reflexiva da coruja... Ah,
também aí uma mostra de superioridade pelo silêncio que enerva. Coruja chega a
dar risadas... Humor faz pensar quando não galhofa ofensiva. Serviço do exemplo
e obediência, dentro daquele espírito de humildade. Não ter expectativas com
relação ao outro. Não vê-lo como demônio, culpado de nossos erros. Pôr de lado
atitudes negativas, persecutórias, caso contrário o terreno das relações não se
fertiliza.
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