26/11/2013

NÓS E O OUTRO



Quantas vezes temos a sensação de que possuímos a verdade! Verdade como paradigma absoluto ou noção delirante revestida de forma eufemística. “Eu sei”, “pensando com clareza e segurança”, “aprendi a duras penas” ... Um dicionário “pai dos burros” teria em suas páginas: “verdade inconteste”,  “verdade nua e crua”, “verdade seja dita”. Quando Jesus foi indagado sobre o que é a verdade, ele simplesmente se calou. Imagine a gente querendo passar “coisas profundas”. O que é profundo é profundo para quem? Num clima social como o nosso, sempre privilegiando superficialidades e entretenimento, pretender caráter de dono do saber é para mentes insanas.  Minha autocrítica como educador frustrado, mais da metade da vida dando lições, certo que nunca ensinei coisas acabadas, pelo menos com essa convicção. Na maior parte, passei “esquemas” em situação de vivência. A grande frustração foi quando, na época da internet, os alunos não queriam experienciar novas vivências e abominavam a reflexão. Pendurei as chuteiras, preferindo as artes, diapasão para o apuro da sensibilidade. Abrir coração e mente para outros níveis do pensar e do sentir. Palavras e imagens, pérolas encontradas na lama... Mas, para quem? Não se iluda leitor. Querer que ouçam o que nos empolga, palavras indagadoras, solicitações de afeto, sugestões para que se tome este ou aquele caminho estão na linha do “dever ser”. Logo de cara a gente se percebe em nível superior, às vezes com a toga do iluminado.


 Melhor a humildade reflexiva da coruja... Ah, também aí uma mostra de superioridade pelo silêncio que enerva. Coruja chega a dar risadas... Humor faz pensar quando não galhofa ofensiva. Serviço do exemplo e obediência, dentro daquele espírito de humildade. Não ter expectativas com relação ao outro. Não vê-lo como demônio, culpado de nossos erros. Pôr de lado atitudes negativas, persecutórias, caso contrário o terreno das relações não se fertiliza.     

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