Tem a ver com a idade, fim de linha. A
gente ajoelha diante da própria consciência. Tempo para reparos. Vamos a mais
uma confissão. Não me dou bem com velórios. Principalmente os de pessoas muito
queridas. Na realidade não me sinto bem com os quimicamente iguais, forma de
Jung se referir a falecidos. Aqui um eufemismo... Está vendo leitor, como o
problema existe? De mim com afetos, preferência para guardar a imagem de vivos
atuando. Venho pondo isso em prática desde alguns tristes passamentos. Quando
não há remédio, costumo não me ver refletido no rosto do morto. Tenho aprendido com espíritos ausentes que se
continua vivo depois da dolorosa transição, geralmente sofrida para quem vai e
para quem fica. Ausentes, presentes. Pior, presentes ausentes... Quem que já
morreu sem perceber essa condição. É quando se acredita que nada mais há para
aprender, que a vida “dá saltos”, o que produz solução de continuidade para
desejos e afetos. Abandonar o barco, fora do natural fechamento extremo, por si
mesmo, muita covardia. Também acreditar no encurtamento da vida para sofrer
menos é pretensão de quem se vê senhor da misteriosa existência. Já encontrei
mil desculpas, de grandes intelectuais e artistas, para a morte combinada
consigo. Nega-se aí a riqueza de
milímetros de energia que não se desperdiça. Ainda que o paciente e sofredor
moribundo peça para que se lhe abrevie a existência, importante permanecer em
classe até o final das lições. Vida não é outra coisa senão escola evolutiva,
mais do que simples resgates.
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