27/02/2013

FINS E MEIOS (Sobre a blogueira cubana)

Não costumo escrever no calor dos acontecimentos que a mídia destaca. Demorei um pouco a encarar o caso da blogueira cubana. Antes da ditadura atual, a outra, de Batista, era bem pior. De qualquer modo, ditaduras são sempre uma praga. Assim como atitudes imperialistas, como o embargo americano. Você se sentindo prejudicado ou traído passa a agir não em nome do povo e da humanidade, mas de forma retaliativa, contra desafetos. Governantes são transitórios, o que fica é a terra e a alma de um povo. A blogueira Yoani Sánchez... Eu a ouço agora. Sentimentos de aprovação para Che e Fidel, mudam para os de reprovação. Ela diz o que sente e pensa. Sua postura criticista não foi bem recebida nem lá, e aqui por uma minoria exaltada. Ser impedida de falar ou grosseiramente atacada por um personalismo doentio... Acatar ou discordar fazem parte de qualquer democracia que se preze. Agora, querer impedir a expressão reflexiva de pontos de vista, ou acontece de forma maniqueísta, por convicção ideológica ou sei lá pelo quê. “Ismos” costumam encobrir o que não resiste a análises mais aprofundadas. Se não se consegue dialogar nem discutir, indo “às próprias coisas”, esbraveja-se e violenta. Posso empregar palavras de ordem, falar alto e usar faixas; caminhar, em protesto, de mãos dadas com correligionários. O que não ecoa bem é abusar de comportamentos autoritários que causam danos a pessoas e a bens particulares e públicos. Como diz o leitor Claudir José Mandelli, Painel do Leitor, Folha de S. Paulo,  23/02/2013: O que fizeram com Yoani Sánchez “foi um ato de covardia, pois temem a coragem de uma mulher que se dispõe, sem a ajuda de armas, a lutar contra uma ditadura.” “Um país” – como disse João Pereira Coutinho –, “não se confunde com um regime que fala em nome do povo”. É a imagem do governante totalitário: “O Estado sou eu”, o que justifica tudo o que é de mau para quem vive no reino. Antes de mais nada, Cuba pertence aos cubanos. ”Fuzilamentos no ‘paredón’, presos políticos, restrição das mais básicas liberdades (como a de sair do país), e uma miséria material que os turistas ocidentais, em viagens quase zoológicas, tomam por exótica.” Ainda da matéria “O futuro traidor”, de JPC, Folha de 26, último: “De fato, não há nada mais exótico do que visitar seres humanos em cativeiro”. Não só é problema embargar, o que os Estados Unidos fez. E a postura do resto do mundo, que também se relaciona com Cuba? Vale brindar a todos os traidores que lutaram contra todas as ditaduras! É isso.

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