02/03/2012

O ALVO SOU EU


As noções de céu e inferno nos foram inculcadas desde a infância. Desejar ascender e não querer descer, extrapolação dessas imagens originárias. Hoje aprendemos que o inferno da consciência culpada, por vezes se exterioriza. O mal é fugaz; o bem, eterno. A ignorância é que se responsabiliza pelo sofrimento. Existe uma justiça indefectível que acompanha todos os nossos passos, por pequenos que sejam, e nos julgam as intenções mais secretas. Não fugimos a ela. E se há importante objetivo a preservar é a reforma íntima. Reforma face a hábitos e vícios alimentados para consumo próprio. Costumamos falar e não agir, vendo sempre o outro como problema. Um daqueles mascaramentos citados pelo mestre Freud. Mecanismos de escape infantis. Se o outro é a muleta, são os desafetos que falam o que precisamos ouvir, verdades a nosso respeito. Eu me consolo com a intenção de lançar na web sementes, como a deste texto, a germinar no momento oportuno. Cada um conserva os próprios demônio e anjo interiores, e a gente não passa de porta-voz deles. Cultivar a pobreza de espírito ou a lucidez? Não esquecer que o outro sou eu... Eu, meu próprio alvo.

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