
Sei que os meus textos, muitas vezes, possuem um caráter “de verdade” que, espero, seja só aparente. Escrevo como se fossem aforismos da intuição e da razão. O primeiro investigador seria eu. Matéria para estudo e debate... Ou provocações, como faz o Antonio Abujamra. Vamos lá, seguindo o impulso. Não pretender virar santo, mas a gente precisa libertar-se de qualquer estado de imaturidade demasiadamente rígido ou categórico. Doutrinário, como se diz. Não dá para permanecer num estágio restritivo de vida, no curso em que buscamos maior amadurecimento. Entendo que se atinge um sentido de totalidade ou de integridade, através da união consciente com os conteúdos inconscientes. Sonhos desempenham importante papel. Quem está pronto a sacrificar o próprio caráter a uma evolução futura? Pergunto ainda: Quem viveu plenamente a infância e a primeira parte da adolescência? Busco ajuda em uma autora, Gudrun Burkhard (“Tomar a vida nas próprias mãos” e “Bases antroposóficas da metodologia biográfica”). Trata-se de um “de onde viemos” mais próximo. Que tal escrever uma autobiografia? Ao longo desse processo vamos descobrindo pérolas. Os inconscientes, próximo (pessoal) e o coletivo, sem ignorá-los, são naturais, ilimitados e poderosos como o farol que orienta barcos à deriva. Para quem não mergulha na mitologia recomendo Jung (“O Homem e seus símbolos” e “Memórias, sonhos, reflexões”). A deusa “razão” é a nossa ilusão maior e mais trágica. Ela costuma gerar a quantofrenia, quando é mais forte a atenção para quantidades, funções, objetivos, o que distribui vantagens, o quantum satis, acumulação quantitativa... e todas as formas de pressa (aqui, segundo os antigos, o diabo). O ato de dobrar a natureza a fim de descobrir os seus defeitos, se encaixa. Natural que homens briguem e lutem para afirmar cada um a sua superioridade sobre o outro? Mudanças essenciais devem começar em alguma parte. Será o indivíduo isoladamente quem terá de experimentar levá-las avante? Ou ficar olhando à volta, até comentando, à espera de que alguma outra pessoa faça aquilo que nós próprios não estamos dispostos a realizar? Enfim (necessário um enfim!), conhecer a si mesmo é ter consciência das próprias forças e fraquezas.
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