Ipansotera é um blog de pensamentos. Mesmo em recados há a intenção de promover uma interação reflexiva. Não existe fundo ideológico fechado. O conteúdo são vislumbres de quem vê a vida como aprendizagem do espírito. O autor acredita na interatividade mais do que em afirmações inatistas e comportamentistas.
09/09/2011
SOMOS O QUE GERAMOS
Episódios como os saques e choques de torcidas esportivas, o trauma das guerras e o caos do trânsito nas cidades e estradas, atropelamentos, sequestros e assassinatos, a corrupção política e a privada, o descaso com o dinheiro público, as obras faraônicas enquanto grassa a miséria, a falta de maior proteção ambiental... Tudo isso e o quê mais? Quando você quer coisas e se apropria “antes que o dono as perca”, como dizia Molière no século 17, cabe indagar se o problema é fome ou ansiedade de status. Se o objetivo é só ter e acumular, pode-se estar agindo como um ressentido. Sociedade de classes, hierarquizada, individualista e competitiva orquestrada por vitrines, shoppings, embalagens e cirurgia plástica, até o fazedor de guerras empunha bisturi para transplantar democracia. A epidemia de violência de que falou Sartre está aí, no cotidiano das nações e das pessoas. Quanto mais poderoso o país ou o indivíduo, do ponto de vista econômico, mais forte a indústria armamentista e a proteção por máquinas e pessoas blindadas. Ah!... Existe também a paranóia fomentada pela mídia que se esquece de que quem divulga gera medo e educa. Escorregar para o antigo testamento do olho por olho, dente por dente, um passo. É quando se vê o mau absoluto até na criança que brinca. Religião, travestida só para figurar, balela como os fundamentalismos do bem e da maldade absolutos. Resta dizer: O indivíduo chamado “pessoa” é o responsável por tudo de bom e mau que acontece. “Pessoa” é quando tomo consciência de não ser uma ilha, valorizando o “outro” como a si mesmo. O “outro” é todo ser vivo, gente e natureza. Na minha pequenez reflexiva, sempre chovendo no molhado, pinta uma outra palavra: instituição. O que faz um agrupamento virar instituição é quando se constrói alicerce de normas e procedimentos, valores subjetivos e monetários capazes de garantir o poder de número menor de indivíduos, menor do que a maioria agregada. A base do oligopólio organizacional é constituída de ajudantes e servidores. Isto é o coração de empresas comerciais, industriais, de serviços, religiosas, educacionais e de lazer. Sem quem paga, através de bens em papel, moeda, benesses de qualquer ordem, indulgências para o dia do juízo final, nenhuma instituição sobrevive. Daí vivermos enquadrados, cujo pior está na não revisão de significados que perderam o sentido. Não há saída... Só entrada, quando buscamos a transformação no pequeno espaço que cerca nossa natureza pessoal e geográfica.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário