10/06/2011

ECOS E SOMBRAS


Leio e reflito por mim mesmo. Assim me educo. Não quero estar parado no tempo. O sensível é educação e caminho para a espiritualidade.
Cada vez mais clara a distância do que penso, sinto e digo, daquilo que faço. Num escape, o sentido do que digo é doutrinário. São as minhas escorregadelas.
Verdades tamborilam na minha cabeça, sem nela entrar, embora queira que entrem. Sei que não basta querer. É como água em pedra dura.
Racionalizo achando que lendo, escrevendo e fazendo arte executo evoluções copernicanas, ou seja, saio do meu egocentrismo.
Eu me exprimo através de evasivas?
Manhã fria, oito horas e vinte. Tempo que vai se estreitando. Cinzento. Ainda de pijama, leio e escrevo no meu pensatório. Terei de acender a luz. Maria abre a porta. “Venha ver o incêndio na serra... Tudo estalando.” Eu me levanto, vou com ela até a janela da sala. Serra da Pedra Grande. “Não. Aquilo não é fumaça. É cerração” – digo. Começou a chover (há dias sem nenhuma gota neste final de outono). Volto à minha caverna. Acendo a luz. Lá fora, pela minha janela, noto que, com a chuva, o céu clareou. Continuo a leitura. Mais um livro do Inácio Ferreira. Vou avisar na blogosfera que o meu impansotera3 tem um link sobre este autor, agora na web.
Numa sincronicidade leio: “A chuva que desaba lá fora não traz somente destruição: enche os rios, fecunda os campos, saneia a atmosfera...” (No livro “Por amor ao ideal”.)
Costumo chorar, sem controle, pela morte anunciada, mesmo a que não se espera. Com Inácio é reforçada a noção de que a morte não existe.
Dentro de nós há algo que transcende algo. Algo que justifica e valoriza a vida. Morrer com dignidade, hino à vida. Falo das mortes não provocadas por lobos humanos, os piores.
Choro que nos surpreende. É quando você vê que ama.
Deus enxerga o mundo pelos nossos olhos.
Interesse em resolver problemas imediatos. Cogitação mais séria, em torno de enigmas existenciais é apanágio de pequena minoria... Procuro pertencer a esta gente.

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