01/12/2016

MÁQUINAS DE VIDA

Há máquinas de morte nas batalhas e violências contra os seres vivos. De outra parte, máquinas de vida que podem prevenir atrocidades e desastres. As de morte não têm boa perspectiva de futuro... São como certas práticas do Estado e as ditaduras. Exemplo de máquina de vida foi quando um avião em manobra impossível, perigosa, pousou no rio Hudson, nos EUA. Salvou 155 pessoas. Sully Sullenberger, o piloto, depois do milagre virou herói. Herói até que outra máquina, um computador, em simulações, propiciou o veredicto: era possível ter evitado as águas do rio, pousando nos aeroportos de LaGuardia ou Teterboro. Filme de Clint Eastwood revisita a lenda. O artigo de João Pereira Coutinho “Lições de Vida” trata do assunto. Saiu no jornal, última terça, dia 29. A matéria não faz menção à tragédia com os jogadores do Chapecoense e profissionais da imprensa brasileira. Pelo que me consta, o colunista da Folha não tinha ainda conhecimento do ocorrido. Artigo escrito na véspera ou dias antes. O filme de Eastwood estrea hoje entre nós. Ocorrências simultâneas no mesmo dia. O que aconteceu em janeiro de 2009 e a outra queda de avião quando a matéria de João foi publicada. Lembro pensadores que muito respeito: um fala sobre relação não causal, coincidência significativa (sincronicidade); o outro evoca o campo unificado da física moderna, que pode ser chamado, psicologicamente, de “oceano de consciência”. Jung e David Lynch, respectivamente. Cientistas descobriram o campo unificado enquanto investigavam a matéria. Níveis sutis da mente, em que a intuição é a maneira de rastrear as abstrações da vida. Fenômenos de sincronicidade aparecem, por exemplo, quando sonhos, visões, premonição parecem ter correspondência com fatos da realidade exterior. O ocorrido nos EUA levou o piloto a reconhecer o próprio erro depois da resposta do computador. No artigo:  “as máquinas são ideais para lidar com situações ideais”. Coutinho acrescenta: “Infelizmente, o mundo comum é perpetuamente devassado por contingências, ambiguidades, angústias mas também súbitas iluminações que só os seres humanos, e não as máquinas, são capazes de entender”. Com toda a comoção do Brasil e do mundo, pode ser falta de humildade buscar explicações só pela causalidade. Outro caminho é ligar fatos por outro desenrolar de acontecimentos, sem perder de vista possíveis falhas humanas. Uma obrigação: procurar saná-las para o futuro. Conforto  e assistência às famílias, nas difíceis horas do presente e do futuro próximo, sob a bandeira da grandeza humana atenta para a comunidade afetada. Meu espanto foi o artigo com o anúncio do filme justamente agora.    


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