Há máquinas de morte nas batalhas e
violências contra os seres vivos. De outra parte, máquinas de vida que podem prevenir
atrocidades e desastres. As de morte não têm boa perspectiva de futuro... São como
certas práticas do Estado e as ditaduras. Exemplo de máquina de vida foi quando
um avião em manobra impossível, perigosa, pousou no rio Hudson, nos EUA. Salvou
155 pessoas. Sully Sullenberger, o piloto, depois do milagre virou herói. Herói
até que outra máquina, um computador, em simulações, propiciou o veredicto: era possível
ter evitado as águas do rio, pousando nos aeroportos de LaGuardia ou Teterboro.
Filme de Clint Eastwood revisita a lenda. O artigo de João Pereira Coutinho “Lições
de Vida” trata do assunto. Saiu no jornal, última terça, dia 29. A matéria não
faz menção à tragédia com os jogadores do Chapecoense e profissionais da imprensa
brasileira. Pelo que me consta, o colunista da Folha não tinha ainda conhecimento
do ocorrido. Artigo escrito na véspera ou dias antes. O filme de Eastwood
estrea hoje entre nós. Ocorrências simultâneas no mesmo dia. O que aconteceu em
janeiro de 2009 e a outra queda de avião quando a matéria de João foi publicada.
Lembro pensadores que muito respeito: um fala sobre relação não causal, coincidência
significativa (sincronicidade); o outro evoca o campo unificado da física
moderna, que pode ser chamado, psicologicamente, de “oceano de consciência”.
Jung e David Lynch, respectivamente. Cientistas descobriram o campo unificado enquanto
investigavam a matéria. Níveis sutis da mente, em que a intuição é a maneira de
rastrear as abstrações da vida. Fenômenos de sincronicidade aparecem, por
exemplo, quando sonhos, visões, premonição parecem ter correspondência com
fatos da realidade exterior. O ocorrido nos EUA levou o piloto a reconhecer o
próprio erro depois da resposta do computador. No artigo: “as máquinas são ideais para lidar com situações
ideais”. Coutinho acrescenta: “Infelizmente, o mundo comum é perpetuamente devassado
por contingências, ambiguidades, angústias mas também súbitas iluminações que só
os seres humanos, e não as máquinas, são capazes de entender”. Com toda a comoção
do Brasil e do mundo, pode ser falta de humildade buscar explicações só pela causalidade.
Outro caminho é ligar fatos por outro desenrolar de acontecimentos, sem perder
de vista possíveis falhas humanas. Uma obrigação: procurar saná-las para o futuro.
Conforto e assistência às famílias, nas
difíceis horas do presente e do futuro próximo, sob a bandeira da grandeza humana atenta para a comunidade afetada.
Meu espanto foi o artigo com o anúncio do filme justamente agora.
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