Que tipo de droga nos foi injetada desde que nos tomamos por
gente? O que acontece é que nos sentimos
pessoa só ao perceber que o outro existe.
Até o início da socialização a criança é uma ilha, podendo ter em volta quem a
protege ou rejeita. Tornar-se pessoa ocorre no mundo que nos distingue e na relação
com nós próprios. Viramos indivíduo, com
suas máscaras (personas) bem conhecidas. Na vida, vários papéis (filho, pai, parte
de um casal, político, chefe, etc., etc.). Ninguém é alguém, estátua inaterável.
O que mais influi nos neurônios? Além das pessoas que procuramos agradar ou obedecer; alguém que
dependa de nós, “quem nos paga”, mestre ou amigo... O farol na
turbulência dos destroços e pasteurizações é a indústria cultural. O que se faz
e vira mercadoria. Quando se emerge de uma imaturidade massificadora, autoimposta?
Sou da época do cinema americano e do rádio, com seus estereótipos. Hoje temos
a TV, as novelas e as séries importadas, videogames, os desenhos animados (com
máquinas, objetos e monstros), os blockbusters hollywoodianos, propagandas em
que as crianças são abordadas; best-sellers, o funk pancadão... Quem está sempre
ao celular e na internet do saber-memória, hoje, praticamente, todo mundo. Tirando
o papel de eficiente auxiliar, a máquina chega a mutilar. O virtual mais real
do que a realidade. É como se afundar em algo pior do que a barbárie. A vida que
não vive. Ao prevalecer a cultura entretenimento ou a virtual resta hospedar-se
à beira de um abismo. Caricaturas de políticos e empreendedores gananciosos estão
aí. Opressão fascista e a liberal. Figuras condizentes num mundo modernoso e de
avançada tecnologia. Perde-se a força do que é simples, belo e essencial. Tudo
de ponta, acelerando as informações e a simultaneidade dos fatos. No contrapeso,
difícil esconder falcatruas e intenções vazias de melhor conteúdo para um
humano mais digno. Necessário compreender paradigmas e contextos. Caso contrário
não se abala o conforto à beira do nada.
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