19/11/2016

VIDA QUE NÃO VIVE

Que tipo de droga nos foi injetada desde que nos tomamos por gente? O que acontece é que  nos sentimos pessoa só ao  perceber que o outro existe. Até o início da socialização a criança é uma ilha, podendo ter em volta quem a protege ou rejeita. Tornar-se pessoa ocorre no mundo que nos distingue e na relação com nós próprios. Viramos indivíduo,  com suas máscaras (personas) bem conhecidas. Na vida, vários papéis (filho, pai, parte de um casal, político, chefe, etc., etc.). Ninguém é alguém, estátua inaterável. O que mais influi nos neurônios? Além das pessoas  que procuramos agradar ou obedecer; alguém que dependa  de nós,  “quem nos paga”, mestre ou amigo... O farol na turbulência dos destroços e pasteurizações é a indústria cultural. O que se faz e vira mercadoria. Quando se emerge de uma imaturidade massificadora, autoimposta? Sou da época do cinema americano e do rádio, com seus estereótipos. Hoje temos a TV, as novelas e as séries importadas, videogames, os desenhos animados (com máquinas, objetos e monstros), os blockbusters hollywoodianos, propagandas em que as crianças são abordadas; best-sellers, o funk pancadão... Quem está sempre ao celular e na internet do saber-memória, hoje, praticamente, todo mundo. Tirando o papel de eficiente auxiliar, a máquina chega a mutilar. O virtual mais real do que a realidade. É como se afundar em algo pior do que a barbárie. A vida que não vive. Ao prevalecer a cultura entretenimento ou a virtual resta hospedar-se à beira de um abismo. Caricaturas de políticos e empreendedores gananciosos estão aí. Opressão fascista e a liberal. Figuras condizentes num mundo modernoso e de avançada tecnologia. Perde-se a força do que é simples, belo e essencial. Tudo de ponta, acelerando as informações e a simultaneidade dos fatos. No contrapeso, difícil esconder falcatruas e intenções vazias de melhor conteúdo para um humano mais digno. Necessário compreender paradigmas e contextos. Caso contrário não se abala o conforto à beira do nada.           

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