Sigo por túnel escuro, até um ponto de luz, espécie de janela. Janela
ou porta, abertas, diviso paisagem de um verde cativante. Alguém de costas vira
e me vê numa atitude amigável. O entorno revela dimensão imediata à existência
no corpo carnal... Eis o que deduzo, mais com os olhos da alma. Quem tenho à
minha frente parece se reintegrar ao patrimônio intelectual do passado. São
ideias e sentimentos que me chegam talvez de forma telepática. Espíritos não
costumam ter maior consciência de idas e vindas no plano existencial. Este fato
ocorre em espaços de vida inimagináveis. Desmemoriados, ao deixarem a Terra não
se percebem de forma mais plena no novo meio. Ao deixar o corpo, sobem ou
descem, de acordo com a própria vida mental e consciência. Como uma bolinha
dentro de espiral de metal, o espírito vai para o passado ou se projeta na
direção do futuro. No retrocesso a nova habitação fica abaixo, ou se localiza
acima da Crosta. Tudo depende das aquisições conseguidas na existência
pregressa. O que me vem à mente é que a natureza não dá saltos, algo aprendido
nos bancos escolares. O espírito se localiza, ao contrário do que se pensa (não
é localizado). Há leis que regem o equilíbrio do Universo. Ninguém foge a elas.
Adentro o espaço verde na companhia de um mentor. Agora se revelam elementos que
eu chamaria de infinitamente pequenos, ou infinitamente grandes no espaço
físico ou não-físico, sob a regência das leis. O Universo físico que antes, para mim,
era único... Agora, para sentidos de ordem espiritual, passa a ser múltiplo.
Como Jesus disse: “Há muitas moradas na Casa de meu Pai”. Viver no passado ou
no futuro, qual a escolha? Para quem se encontra em dimensão superior, nós, da
Terra-Crosta (choque entre civilização e barbárie), vivemos mais no passado. No
degrau acima prevalece o futuro. Continuo a peregrinar, sem sair do lugar, com
quem chamo de mentor, em nosso papo interiorizado. Eu, acostumado a ver matéria
e energia como coisas separadas, aprendo que a questão é de mera terminologia. Existem
dimensões paralelas um pouco abaixo ou um pouco acima. Para terminar, sem naturalmente
ter um ponto final, surge a ideia da desencarnação. Trata-se de fenômeno comum nos
Planos da Vida – órbitas das Casas do meu Pai. Todas as coisas e todos os seres
“desencarnam”, buscando o aperfeiçoamento da forma e a conquista da quintessência.
Os espíritos que desencarnam num determinado plano, para fazerem a sua aparição
em outro, devem “reencarnar” – o que é tão claro quanto o admirável verde do
lugar por onde caminhamos. Não nos despedimos, pois o encontro foi um encontro
de raízes que se nutrem e aprofundam.
___________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário