20/05/2016

RECUPERAR O ETERNO 3

Esperar muito de nossos homens públicos numa política em que se navega há anos em erros e corrupção parece um despautério.

Quem pouco entende de eleições, neste ano de “bastas”, o desejo é que as coisas sejam pautadas por maior lucidez.

Que os “bastas” se estendam aos citados na Lava Jato, agora ministros, com passaporte diplomático, ficha suja e foro privilegiado... Para começar.

Dialogar com quem alimenta a crise no próprio poder – governabilidade, conchavos, patrimonialismo... Continua a expiação!

Quando nossa democracia representativa se tornará uma democracia autônoma, sem depender de casuísmos imediatistas e intenções escusas?

Há uma vontade permanente em quem concentra poder. Corrupção sistêmica e autocomplacência.

Oligarquias não podem tomar de assalto o poder. Hora de mais panelaços, gente vestindo verde e amarelo, caras pintadas e a imprensa pedindo a caça aos corruptos...

Na dança dos políticos: conhecer, instaurar, apoiar, tripudiar... Maneiras de atuar na relação com a coletividade. Mas eles não são o epicentro de tudo.

Necessária a emergência de sujeitos políticos, num inventar-se contínuo, com boas visões alternativas de desenvolvimento social e força para implementá-las.

Difícil pensar no outro quando se navega no barco do poder. Seja poder humano ou o “divino”. Penso em quem recebe e paga. Todos têm direito à liberdade; não ao fascismo.

O povo não é melhor que os homens públicos, mas quem estes merecem.  Uma simbiose ocorre aí. Ambos com o dever de se aprimorar.

Pelo menos deve-se acreditar no “átomo que faz a água ser água”. Milagre? Milagre na política é um poder que emana do povo e do que é digno e justo.

A vontade do povo é que sustenta qualquer sistema político assentado na autonomia individual e na interação social.

Há desconfiança em relação ao mundo e suas instituições – principalmente a política, com usurpação do bem comum. 

O que o povo exige não se encaixa em qualquer conjetura. Na cidadania ele se traduz por necessidades de subsistência e autorrealização.

Estamos na época da “pegada” e das delações, da “autoestima” ou da “autoajuda”. Nas descomposturas: orgulho, cegueira e revolta.

Quem entende a fase atual da estância Brasil? Os atuais fazendeiros são sempre os mesmos. Compreender nosso mundo é como graça, dádiva.

Como não levar uma vida vã? Ela não é independente da moral.

Nos atos de condenação, reverência à família e a Deus, é mais um autoflagelar-se  pela mercantilização crescente das relações humanas.

Diálogo sim, mas que seja com quem reflete sobre paradigmas a nortearem as ações. Fora disso é fortalecer ímprobos e fraudadores.

Não se pressupõe alegações oportunistas para diminuir gastos sociais e proceder à revisão das terras indígenas já demarcadas.

Diálogo é pensar o que o outro pensa e sentir o que o outro sente. Ao Estado cabe ordenar a práxis do conjunto de boas ideias de uma sociedade.

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CULTURA E EDUCAÇÃO

Complementação e não subordinação. Não aceitar a Cultura como apêndice do Ministério da Educação, passo de retrocesso.

De modo diverso do pedagógico necessário a Cultura comumente perpassa pelas inovações mais imediatas.

Algo que contribui para que um povo se reconheça em seus valores.

O que esperar de um grupo heterogêneo, caótico e retrógrado? Por enquanto, o poder instalado caracteriza-se por atitudes persecutórias e policialescas.

A educação estabelece a hierarquia dos conhecimentos. O fim próprio da Cultura é preparar o homem para seu exercício autônomo  no mundo.

A Cultura reduzida a uma secretaria está minimizada. Anula-se drasticamente seu papel de protagonista.

A extinção do MinC, fundido à pasta da Educação, é por não se entender o papel de um e de outra.

A Educação zela pelo status quo, é fator agente. Espécie de colete apertado, com suas noções muito precisas. É autoafirmativa.

A Cultura é mais abrangente, menos burocrática, até transgressora, farol para a Educação. Não confundir Cultura só com entretenimento.

O prioritário da Educação se soma e interage com o prioritário da Cultura.

Ambas devem estar no mesmo patamar. Denominador comum: o conhecimento de si mesmo.

Cabe ao Ministério da Cultura reverberar valores e estabelecer conexão com  incontáveis modos de pensar, agir, sentir. Não deve ser subsidiário, sob pena de adormecer na inércia.

O instituto educacional sempre foi alvo de muitas controvérsias. Tem obedecido a rígidos padrões. A Cultura amplia perspectivas.

No retrocesso, um boicote à Cultura. Entendo que essa pasta tende a suscitar amiúde sentimentos paradoxais entre afeto imediato ou descrença.  
                                                                                                    
A idolatria da maioria dos políticos é a si próprios. Quando deixarão de atuar como pedintes de apoio irrestrito para as maquinações que arquitetam a portas fechadas?

A Cultura é a região dos símbolos e dos valores. Possui relação direta e intensa com a criação e a paixão. O leque de influências atinge as mais diversas áreas de pensamento e atuação.

Inovar e improvisar no momento certo. As instituições sabem fazê-lo? Fora disso, como no futebol, é um festival de pontapés, agressões e excesso de faltas. Não é Tostão?

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