Conhecida a frase evangélica: “No
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João,
cap. 1, v. 1). Ao transpor isso para os dias atuais, penso em acordarmos para o
fato de que ninguém tem razão. É ou não é – o que vemos e ouvimos na mídia,
televisiva ou impressa. Há tempos, em meus escritos, prevalece a palavra sobre
a imagem. Melhor dizendo, o que me chama a atenção é que, cada palavra possui
um fundo de palavras. Palavras reveladoras de atitudes e comportamentos. Qual a
intenção de quem diz o que diz? A postura é pública ou privada? O sujeito pensa
nele mesmo, ou na coletividade? A atitude é republicana – caso dos políticos –
ou imperialista? Se a república é substituída pelo império, obviamente não se
trata de ideia como coisa pública. O debate político, hoje, é virulento.
Meu último artigo postado em blog e
no facebook foi sobre cinema. Focalizei “Os Pássaros”, de Hitchcock. Digo que
filme não precisa se autoexplicar. Você tem liberdade para interpretar a ação
dos pássaros como quiser. O que eles significam ou representam? Não se fechar na
imagem, comparando-os com a beligerância de um grupo qualquer. Ao que parece,
escolhi casualmente esse filme, pensando depois no meu “Cinema com Pipoca 2”. A
elaboração do segundo livro vai a passos de tartaruga.
Falar de vida e cinema sempre me é
velha paixão, ainda mais com o reforço da recente bela obra de Cacá Diegues
“Vida de Cinema”.
Nunca me interessei tanto pela
política como agora. O sim que vira não e o não que vira sim. Colo aí a
conversa que tive dois dias atrás com o Dr. Marco Dangelo. Enquanto ele me
falava e mostrava o avanço tecnológico em sua especialidade (odontologia), eu
refletia sobre as palavras “parâmetros” e “efeitos”. Sem um bom paradigma
(parâmetro), o que se faz pode sair defeituoso.
É o que está acontecendo com nossa
política. Passo a quem escreveu “República, democracia, estratocracia...”,
Pasquale Cipro Neto. Vou resumir: “Democracia” e “república”; ligarmos isso ao
que ocorre no Brasil, há muito tempo, veremos que o que há por aqui ainda está
longe do que ensinam a gramática e a história... Penso com meu saudoso mestre
G.W.G. Moraes: “abrangente” e “agente”. Ciência, tecnologia e linguagem. Nossas
opções devem levar em conta a relação abrangente-agente. Necessário ter
parâmetro (paradigma). A discussão de nossos homens públicos gira na confusão
entre público e privado, interesses de partido ou pessoais e a “coisa”
institucional – coletividade humana. Houaiss refere-se ao sistema político que
nos transforma em coisas. Marqueteiros, em geral, atuam aí. A plutocracia nada
mais é que o poder nas mãos dos que estão próximos do vértice da pirâmide hierárquica.
Conheço gente que admiro, oscilando
entre o “sim” e o “não”. Só há uma definição possível, a que não inclui “salvadores
da pátria” – a de nível institucional, tida pelos personagens conhecidos, na prática,
como utópica. Para não falar em “estratocracia” (governo militar), cruz-credo!,
qualquer “vulgocracia” é melhor do que isso. Obrigado, Marco Dangelo, Contardo Calligaris
(“Heranças incômodas”) e professores Pasquale e G.W.G. Moraes. (Os artigos de Pasquale
e Calligaris na Folha de 7/4/2016.)
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