O que é bom para vírus é também bom para humanos. Pelas
informações que tenho, os anos 1940 foram os primeiros a detectar o vírus da
zika. Aconteceu em Uganda, pobre país africano. Cabe, por louca associação,
perguntar quando o vírus da corrupção atacou nosso país? Ao que tudo indica ela
– a corrupção – nunca foi tão declarada, como hoje em dia. Gente assanhada,
dardeja contra quem, antes nunca tão alvejada. Nossos dirigentes – a indústria,
o comércio... e o mercado.
Políticos buscam ocupar cargos que possibilitem ampliar ganhos
escusos ou aparentemente limpos. Uganda, não obstante o atraso socioeconômico e
no desenvolvimento humano, ganha do Brasil graças ao trabalho do Uvri
(Instituto de Uganda de Pesquisa de Vírus). Lá, sempre se monitoram condições
para evitar surto para o qual não estejam prevenidos. Associando as coisas, o
caudal corruptivo de homens públicos e donos de negócios exigiria um Uvri
saneador.
Para não se atribuir a culpa, principalmente a outros, à natureza
e às instituições, que tal examinar a própria consciência? No século 17, o
filósofo inglês Francis Bacon (1591-1626) propunha que se torturasse a natureza
para que ela revelasse os seus segredos.
Paranoia e prevenção se chocam com o que se pode chamar de
contingência (fatos incontroláveis e indesejáveis). Acaso, sorte, azar? A
realidade sem controle, e a gente buscando explicá-la. Querer pôr tudo no
lugar, a todo custo, correndo atrás de mundos e fundos. Tal precipitação pode
transformar a vida num inferno.
Ir de modo afoito atrás dos entendidos em doenças da “cabeça” –
psiquiatra, orientador religioso, filósofo – é como buscar uma manifestação
divina. Dá sempre vontade de pedir ao aconselhador depoimento sobre sua própria
vida. Como enfrentou ou enfrenta problema semelhante ao de quem busca ajuda?
Caso contrário, a sensação é a de que a fala dele não passaria de blá, blá,
blá. Imagine alguém que nunca se uniu matrimonialmente prescrevendo receitas a
um casal com problemas.
De um lado, a razão, para muitos a eterna conselheira. Da outra
parte o pensamento aberto à intuição. Buscar fatos concretos; ou aceitar qualquer
coisa que pinta no semblante da alma. Entendo que aqui temos duas formas de conhecimento. Válidos para uma
discussão sem fim. O difícil seria combinar ambas, as atitudes.
Sonhos, devaneios, quem não segue padrões sociais de
comportamento. Ligar-se mais à ficção, ou à realidade dos fatos, sem que o
proceder possua a auréola da arte. Estorvo: quando temos fatos e não versões? O
que é realidade, e quem consegue controlá-la?
Abstrato
e concreto, como parâmetros.
Valorizar
mais a memória ou as circunstâncias do dia a dia.
Quem
é mais pensamento ou sentimento, sensação ou intuição?
Quem
é mais naturalista, preocupado com os pratos do sensível, ou ligado às impressões
não figurativas que, muitas vezes, só sugerem o que é real.
Existe
o momentâneo circunstancial; e o estável, de mais fácil decodificação. O que se
percebe como comum e o que exige alguma reflexão. Muitas vezes oscilamos em
nosso processo compreensivo e há quem parte logo para generalizações e
conclusões apressadas. Temos os obcecados por definições, pelo certo e errado,
os que se ancoram em certezas e os que duvidam por duvidar. O que sobra, fora
dos mascaramentos compensatórios? É quando a psicanálise pode ajudar. Maior
desafio: Aclarar a própria consciência.
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