21/02/2016

INCLUIR PARA CRER

Conceitos expressos assim, de forma intuitiva (hipotiposes), podem  construir algo numinoso, não dogmático. Atuariam como referências a determinar a grandeza de nossa vida.
Num papo com Aldo Costamares, ele pergunta: 

- Tais hipotiposes,  como você chama esses “mandamentos”, constituiriam uma crença religiosa?
-  Não existe aqui um rigor escolástico – minha resposta. Das religiões, do sistema de poder vigente, seja no ocidente ou no oriente, prevalece o caráter de prescrições racionais de afirmação e negação.
-  É. Religião faz pensar em céu e inferno. Ainda com outras palavras quer dizer isso. Salvação, pecado, culpa, abominação são índices sobre vários preços.
-  O que favorece o jogo de interesses. Qual dá mais? Qual dá mais?
-  Aldo. O sentido latino da palavra religião levou Jung a usar o termo “numinoso”, de Rudolf Otto (“o Sagrado”). Possibilita a experiência do divino. Sem algo superior para incluir em nossa santa ignorância sobra um vácuo.
-  Poucos atentam para religião como o ato de religar  (volta à natureza?), fora da crença fechada de um “marketing” para conseguir adeptos. Mesmo com imperfeições, a natureza tem muito a nos ensinar.
-   A natureza e seus princípios, cujo estatuto é de religiosidade. 
-  Ao institucionalizar, com normas e prescrições burocráticas, geralmente se perde a capacidade dialética da revisão de significados. Deveres e determinações se enferrujam, numa paralisia enervante.
-  Consequência é a oposição entre ciência e religião. Religião, arcabouço de dogmas; ciência, busca aberta de causas para os fenômenos... Aqui estereótipos a merecer a panela. Tanto há dogmas na religião como na ciência.   
Aldo:
-  Voltando aos seus conceitos, sob a égide da intuição...
- Meus conceitos, não. A base deles é o “credo” de Emanuel Darley, subscrito por Eurípedes Barsanulfo. Apenas os transformei em “tuítes” a fim de divulgá-los pela internet, com pequenos acréscimos e alterações na linguagem. Certo que os subscrevo também. E ao falar no religioso Eurípedes,  em sua vida ele incluía uma doutrina aberta, praticando-a de forma dialógica.
Aldo:
-  São ditos sentenciosos, aforismos. Regras, princípios. Daí o caráter de religação com o que não aflora desde logo.
-   Mas que cada um pense por si mesmo. Chamo-os de referências. Partem de um lago em ebulição para se compreender melhor a própria existência e o mundo em que se vive. Têm mais a ver com bisturi do que com a gaze que pensa, oxigênio para os ferimentos.
-    Ao falar em “credo”, isso sugere  fé, crença de natureza religiosa.
                -    Difícil crer em algo irremovível, seja para a ciência ou qualquer ideologia de outra natureza. Certo que há ideias, imagens, noções até as de cores atávicas, de ascendência remota, o que inclui o inexplicável. Pode não ser o caso de acreditar no fundo de realidade e concretude que as compõe. Deus, por exemplo. Estou com Jung, quando ele diz: “Deus é”. 
                -   Dá para estender isso?
-  Sobre a vida depois da morte e sobre a manifestação de espíritos:  Desde a teoria da grande explosão (big bang), na aurora da consciência que dialoga, imortalidade e relação com os mortos, simplesmente “são”...
                -     Até prova em contrário.

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