Conceitos expressos assim, de forma intuitiva (hipotiposes),
podem construir algo numinoso, não
dogmático. Atuariam como referências a determinar a grandeza de nossa vida.
Num papo com Aldo Costamares, ele pergunta:
- Tais hipotiposes, como
você chama esses “mandamentos”, constituiriam uma crença religiosa?
- Não existe aqui um rigor
escolástico – minha resposta. Das religiões, do sistema de poder vigente, seja
no ocidente ou no oriente, prevalece o caráter de prescrições racionais de
afirmação e negação.
- É. Religião faz pensar em
céu e inferno. Ainda com outras palavras quer dizer isso. Salvação, pecado,
culpa, abominação são índices sobre vários preços.
- O que favorece o jogo de
interesses. Qual dá mais? Qual dá mais?
- Aldo. O sentido latino da
palavra religião levou Jung a usar o termo “numinoso”, de Rudolf Otto (“o
Sagrado”). Possibilita a experiência do divino. Sem algo superior para incluir
em nossa santa ignorância sobra um vácuo.
- Poucos atentam para religião
como o ato de religar (volta à natureza?), fora da crença fechada de
um “marketing” para conseguir adeptos. Mesmo com imperfeições, a natureza tem
muito a nos ensinar.
- A natureza e seus
princípios, cujo estatuto é de religiosidade.
- Ao institucionalizar, com
normas e prescrições burocráticas, geralmente se perde a capacidade dialética
da revisão de significados. Deveres e determinações se enferrujam, numa paralisia
enervante.
- Consequência é a oposição
entre ciência e religião. Religião, arcabouço de dogmas; ciência, busca aberta
de causas para os fenômenos... Aqui estereótipos a merecer a panela. Tanto há
dogmas na religião como na ciência.
Aldo:
- Voltando aos seus
conceitos, sob a égide da intuição...
- Meus conceitos, não. A base deles é o “credo” de Emanuel Darley,
subscrito por Eurípedes Barsanulfo. Apenas os transformei em “tuítes” a fim de
divulgá-los pela internet, com pequenos acréscimos e alterações na linguagem.
Certo que os subscrevo também. E ao falar no religioso Eurípedes, em sua vida ele incluía uma doutrina aberta,
praticando-a de forma dialógica.
Aldo:
- São ditos sentenciosos,
aforismos. Regras, princípios. Daí o caráter de religação com o que não aflora
desde logo.
- Mas que cada um pense
por si mesmo. Chamo-os de referências. Partem de um lago em ebulição para se
compreender melhor a própria existência e o mundo em que se vive. Têm mais a
ver com bisturi do que com a gaze que pensa, oxigênio para os ferimentos.
- Ao falar em “credo”,
isso sugere fé, crença de natureza
religiosa.
- Difícil crer em algo irremovível, seja para
a ciência ou qualquer ideologia de outra natureza. Certo que há ideias,
imagens, noções até as de cores atávicas, de ascendência remota, o que inclui o
inexplicável. Pode não ser o caso de acreditar no fundo de realidade e
concretude que as compõe. Deus, por exemplo. Estou com Jung, quando ele diz:
“Deus é”.
- Dá para estender isso?
- Sobre a vida depois da
morte e sobre a manifestação de espíritos:
Desde a teoria da grande explosão (big bang), na aurora da consciência
que dialoga, imortalidade e relação com os mortos, simplesmente “são”...
- Até prova em contrário.
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