Sonha-se com uma nova política. Representativa ou não? Democrática
sim, mas não centralizadora e autoritária. Nossa atual democracia tem demonstrado
que o homem é o lobo do homem. Mudar isso... Mas, como?
Vivi nos anos 1970 experiência
inédita com grupos operatórios que estudavam novas formas de pensamento e ação,
numa linha mais interacionista. De um lado, o inatismo do tipo “homem animal
social”, como os típicos provérbios e o lado maniqueísta, gerador de
fundamentalismos. O homem, medida de todas as coisas, nascendo pronto para
“acertar”. Próximo a essa visão, o indivíduo que muda o que está fora dele,
através de condicionamentos (estímulo-resposta).
Em outro momento histórico ocorre o
giro sociocêntrico, quando o homem descobre que precisa se apoiar em outros
indivíduos, de maneira cooperativa. Ao deixar a intuição inicial (inatismo) e o
condutismo (behaviorismo) chega-se ao interacionismo quando a pessoa ao comer
alface vira alface, e a alface se transforma em quem a come.
Hoje podemos perguntar: Quem ainda
se prende à fase pré-lógica da inteligência? Observe a centração da criança
pequena ou a do adulto embevecido com o poder.
Por volta dos 7 anos é que o indivíduo se vê mais como pessoa. Outras,
pela socialização, contribuem nesse sentido. Quando em grupo, através da
cooperação é que o indivíduo vai desenvolvendo a capacidade de ser solidário e
amoroso... Isso quando o consegue. Num sistema do Deus-dinheiro, em que o poder
é o motor movente, acumular bens e obter vantagens a qualquer custo, produz
regressão aos anos mais egocêntricos da infância.
Parece que falo de nossos
políticos, verdadeiros ptolomeus do sol nasce e o sol se põe. Nada solidários
com a coletividade que o elege. Salvo exceções, a grande maioria que ocupa as
casas da administração pública e da justiça, as empresas comerciais, industriais,
de serviços e as organizações que devem atender às mínimas necessidades dos cidadãos a respeito da saúde, da alimentação,
da moradia, do transporte e da educação.
Agora vem o sonho que motivou este
texto. Como gota d’água em pedra martelou-se em minha mente a equação: em vez
da escolha pelo voto a pura aceitação do que se propõe. No desdobramento de um
processo (começo continuado), troca de ideias em clima cooperativo, medidas tomadas
com olhos, mãos, pernas e dentes, em redobrada atenção para se corrigir o que
for necessário.
Temos muitos partidos... Talvez
necessário só dois (situação e oposição), porém voltados para o que a república
literalmente sugere: governo de todos e para todos. Em clima de liderança emergencial,
sem inatismo (ninguém nasceu para liderar), os mais aptos coordenam ações em
momentos diversos. Possuir abertura sociocêntrica é o paradigma... No sonho, o
instituto da votação, gerador de facções, seria substituído por grupos abertos,
numa busca de consenso. Nada de votação. Aqui, interesses pessoais imediatistas
deixariam o mapa decisório. O “estar”
político, não mais profissão. Apenas uma ajuda de custo de acordo com necessidades
mínimas de subsistência e autorrealização. Aliás, isso valeria para todas as instituições,
educacionais e religiosas, já que o bem comum é prioritário. Ir além na
transformação das consciências para menor artificialismo no consumo de bens e ideias.
Para não ocorrer um “facismo do bem”,
quando “verdades” de um saber imposto passam a comandar em quaisquer circunstâncias,
caberá estabelecer o que se pode chamar de
dialética constituinte de significados. Sempre atuante por pessoas fraternas
em princípios cristãos. Especial cuidado para se evitar atitude dogmatizada nas
áreas da filosofia, da ciência e da religião. Vivemos em uma era em que se supervalorizou
a ciência, o racional, a explicação.
Se você vê isso como pura utopia, informo que durante anos
realizei workshops, seminários com pessoal de empresas industriais, comerciais
e de serviços, grupos de professores e outros, além de alunos dos primeiros
níveis escolares até o ensino superior. Muitos dos princípios aqui expostos
foram ventilados. Sugestão: Ao se sentir longe da atitude interacionista,
comece a vivenciar os paradigmas no micro-processo social, na família e em pequenos
grupos operatórios e de lazer. É isso.
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