19/08/2014

CAUSA OU CAUSAS



O fato de o raciocínio lógico de causa e efeito servir para coisas concretas (o papel que você larga e cai), o costume é transferi-lo para tudo. Temos o abstrato e o concreto, o subjetivo e o objetivo. É quando não se chega a considerar fatos adicionais. Acontece nas relações com pessoas e o mundo, gerando problemas que dificultam a compreensão do mais comum ao que é complexo.

A lógica da causa e do efeito é linear. No futebol temos o lançamento “linha direta”, bola que nem sempre chega a quem deveria chegar. Da mesma forma que a troca de passes deve ser precisa, a bola lançada em curva tende a tapear o jogador adversário. O drible seria o lance mais requintado, o que não é fácil.

O caráter concreto da causa e efeito não constitui o único lance de fé. Não obstante, com frequência nos iludimos. Depositamos no efeito que se persegue diretamente a solução que nem sempre acontece.

Quantos choques e males decorrem da causalidade que despreza relações de contexto, de diferenças, probabilidades, espaço-tempo, estados de distintos “tons de cinza” e de ritmos individuais característicos.

Nossas ilusões de prazer e segurança pesam muito nas trocas com pessoas e bens. O que pensamos de nós e não pensamos dos outros. O que se anuncia de um jeito e ocorre de outro. A mobilidade do universo e da ciência. A Física de ontem e a Física de hoje. O número variado de filosofias. O que fomos e somos hoje. Nossas imperfeições. Religiões e a fé, sujeitas a transformações. As relações entre mortos e vivos, das “mesas falantes” às psicografias. Mistérios que se desvendam e mistérios que permanecem.

Eis um mundo a ser compreendido, novas formas de nutrição para a vida. Ao denunciar o raciocínio de causa e efeito (pra tudo) sei que mexo num vespeiro.

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