Ouve-se
falar em regressão... Pergunto: no quê o conhecimento de existências passadas
poderia nos ajudar? Valeria pela lembrança de nossos erros, a fim de não mais
cometê-los? De existência passada mais próxima a outras, milenares, chegaríamos
a padrões os mais primitivos. O caminho de volta é a questão. Um lago de
terrores e excentricidades! Poderíamos nos afogar nos meandros das lembranças.
As ruins, deprimem; as boas, melhorariam a autoestima. Penso no raciocínio
causa-efeito, linear, como naquele outro, behaviorista, do estímulo-resposta.
Poderiam nos levar à causa, da causa, da causa. Consequências de uma
inquietante acumulação de dados, sobrecarga para nossa memória finita. Informes
valeriam se depositados num arquivo de mais ampla memória como a do computador.
Aí, em determinados momentos, poderiam facilitar para a compreensão de desditas
e acertos. Isso numa perspectiva de progresso evolutivo. Trabalho de clivagem:
isto posso fazer; aquilo, não. O bom e o mau, o certo e o errado.
Melhor
é explicitar do que o “pode” e o “não pode” catequéticos. Talvez ajude um pouco
imaginar o caso do jesuíta D., em tempos pretéritos, ensinando o colonizador estrangeiro
a dar o nó, para facilitar o enforcamento de índios. Dois aspectos: a melhor qualidade
do nó diminuiria o sofrimento da vítima; outra coisa seria estimular enforcamentos
pelo novo método... O jesuíta D., pela lei de causa e efeito, viveria em outra(s)
existência(s) com problemas respiratórios até fatais. Mas também poderia ser
mais tarde protegido em assalto pelo espírito de um índio agradecido por ter
sofrido menos em seu desenlace. Que o leitor perdoe o simplismo do exemplo. Continuando
na mesma linha, o jesuíta D. sofreria grave acidente automobilístico, com sério
comprometimento cefálico. Terríveis dores de cabeça a perdurarem durante longo
tempo.
Regressando
ao período dos índios supliciados, o jesuíta D. encontrou parcial aprovação de
outro religioso, o irmão E. Na existência posterior, dos males respiratórios,
D. , nas crises, era acompanhado por problemas semelhantes, embora não da mesma
monta, em E. O irmão E., na adolescência, veio a sofrer de uma faringite com
complicações meníngeas, quase chegando a falecer. Sofria terríveis dores de
cabeça. Época em que tomou alta dose de antibiótico, sendo salvo graças à medicina e ao zelo da
própria mãe. Ainda na linha simplista da causa e do efeito, D. e E.,
vivenciaram situações parecidas. Na época primitiva da tortura escravocrata
teriam “perdido a cabeça”? A ação visava agradar aos colonizadores e, ao mesmo
tempo, minimizar o sofrimento indígena? Por que não batalhar pelos princípios
cristãos junto aos algozes? Jesuítas eram cultos, com habilidades artísticas de
relevo, mas pelo que se sabe agiam de forma invasiva, culturalmente. Tanto D.
como E., revelaram algumas aptidões. D. e E. filósofos e literatos. D., com
incrível potencial lógico, matemático e musical. Enxadrista estudioso, raciocínio
impecável. Não lhe sobrava habilidade plástica e intuitiva, bagagem do seu
irmão E. A vida inteira D. e E. sempre se deram muito bem, compartilhando
alegrias e sofrimentos. Ambos jornalistas, anos antes de desencarnar, D.
adotou, entre outros heterônimos, o de Saint Dennis, como colunista. Como
surgiu esse nome? Mais tarde, pesquisando, E. conseguiu saber que Dennis, bispo,
mártir e santo cristão, morreu em 1410, decapitado. Foi bispo de Paris no
século III. Martirizado, aproximadamente, no ano 250 da nossa era. Segundo a
tradição, Saint Dennis ainda caminhou até a igreja, em que servia, logo após
ser degolado, segurando a própria cabeça. Seu túmulo tornou-se um local de peregrinação
e vários milagres foram creditados à intercessão dele. Padroeiro da França e de
Paris, invocado contra a dor de cabeça.
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