23/06/2014

O PREÇO EM TUDO



Com a idade avançada parece que certas coisas vão ficando mais claras. Numa sociedade cuja marca essencial é o corporativismo, e aí se encaixam noções como monetarização, capitalismo, vantagens a qualquer “preço” (inclui, além do dinheiro, as premissas moralidade e ética), o polo oposto seria o das trocas. Em vez do compra e vende: “eu lhe dou aquilo de que você precisa, e recebo em troca o que não lhe faz falta”. Tipo de relação em que nada precisa ficar explicitado. Uma pessoa acreditando na outra parece sonho romântico como o de filósofos frustrados com a azáfama do dia a dia. Aliás, lembro minhas decepções com pessoas, quando por dificuldades financeiras eu me punha a colaborar em questões operatórias (pensando na troca de favores), e recebia de volta um balaço na alma. Meu apoio, sentido como magnânimo, na outra parte eu via assim: “ou você me paga, ou nada feito”. Esforços, recebendo um bafejo, ar que só sai da boca, não do coração. Adeus amizade. Eu me afastava decepcionado. Então, hoje, como aparecem na mídia certas divulgações a prenunciar atividades, como fracassos anunciados, reflito. Se se trata de iniciativas prejudicadas pelo que soa mais natural, como partos de gente ou de produtos, sem ou de baixa remuneração, pé atrás, amigos! O lado do capital deve ser posto de molho.
Para maior transparência menciono duas situações, hoje insinuadas ou debatidas. A do parto natural face ao abuso de cesáreas, e o surgimento de livros digitais. Duas alas que atacam tais procedimentos seriam a médica e a produção comercial de obras impressas em papel. Autores de livros de capa e papel também podem pertencer a esse rol.  O assunto poderá exigir amplas discussões, o que já começa a ocorrer principalmente na área obstétrica. Por enquanto a principal elucubração diz respeito à tendência de tudo ter um preço. O que inclui seres humanos pela condição econômica estampada na testa, na pele, e nos bens fixos e móveis.
Claro que se incluem aí pensadores de toda espécie: gente da ciência, filosofia, marqueteiros, opinantes de assuntos gerais, etc. Existem ainda inquisitores mediavalescos... Que fique claro que não propomos nenhum ismo como bem-aventurança, entre os sistemas políticos e individuais conhecidos. Que se reflita sobre o que é mais energético para nós, humanos combalidos em um planeta na uteí. Existe campo fértil, onde se incluem medicina ortodoxa e tratamento de natureza holística; editoras de livros impressos e publicações de autor em e-books. A concorrência aqui não recomenda golpes de misericórdia.         

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