Questões importantes:
amor e solidariedade. Sentimentos raros na atualidade, esses termos usados da boca
para fora.
Artigo do professor
de física teórica, Marcelo Gleiser, publicado na Folha da semana passada, refere-se
ao ateísmo e o seu avanço, ao menos na América e Europa. Muito se escreve sobre
o assunto, um par de livros. Há quem argumente que a questão ou a dificuldade é
: “Quem semeou o solo é a pergunta fácil para o historiador; o que fez o solo
receber as sementes é outra mais complexa”. Por que tantos aceitam ideias de ateus
famosos? Três períodos assinalam a clara ascensão do ateísmo: século 18, logo
antes da Revolução Francesa; século 20, um pouco anterior à Revolução Russa; e
agora.
O que acontece no
mundo e no Brasil é uma escalada assustadora de conflitos. Não é difícil perceber
que, em nosso caso, temos uma cultura política de violência. O que se promete,
não se cumpre; leis ficam só no papel, justiça capengando. A não crença nos poderes
para atender a reivindicações populares estimula atos predatórios. Faltam
lideranças capazes de
representar os
anseios do povo.
Situação trágica a
aguardar quem decifre o enigma a propor: o da mente política.
A peste emocional a
medrar pode atingir raias imprevisíveis.
Deus morreu? Como
viver sem mistério? O que nos torna humanos é a espiritualidade. Ela explica,
nos comove e inspira. Os tradicionais crentes e não crentes já eram. Existem os
supernaturalistas, que acreditam no estritamente materialista e os autocriadores,
que dão à mente humana o poder de esclarecer sobre os aspectos da existência.
Ocorre uma convergência aí?... Mesmo que
clandestina? Acreditar piamente em livros de fé ou nos supernaturalistas
modernos, voltados para algo maior do que a matéria conhecida, o que foge a uma
descrição puramente racional. “Os supernaturalistas respondem à emoção indescritível
da experiência humana”, como diz Marcelo. Agora, os autocriadores também experimentam
a fé, já que todos possuem resquícios de vida espiritual. Sempre se busca algum
tipo de transcendência por meio de atividades diversas. Na adoção de rituais secretos,
na ida à igreja, a templos e a sessões espíritas, nas corridas em trilhas, surfando
ondas, escalando montanhas, lendo poesia ou obras psicografadas, no culto aos
orixás ou na prática da meditação transcendental até em situações as mais
inusitadas. Acontece um mistério que todos confrontamos, havendo pessoas que há
tempos desvendaram o oculto entre a vida e a morte. Penso em noções para quem a
vida sempre continua, mesmo nos extremos da existência, prosseguindo em outras
dimensões. Até falar em “mistério” e “magia” sugere camuflagem como satisfação
social para se proteger da alcunha de ateu ou de agnóstico, hoje com outras nuances.
Apetite para conforto e maravilhamento, sob a égide da espiritualidade. Sem
amor e solidariedade; sem aceitar a transcendência ou a imortalidade não nos tornamos
mais humanos.
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