17/02/2014

SER MAIS HUMANO



Questões importantes: amor e solidariedade. Sentimentos raros  na atualidade, esses termos usados da boca para fora.
Artigo do professor de física teórica, Marcelo Gleiser, publicado na Folha da semana passada, refere-se ao ateísmo e o seu avanço, ao menos na América e Europa. Muito se escreve sobre o assunto, um par de livros. Há quem argumente que a questão ou a dificuldade é : “Quem semeou o solo é a pergunta fácil para o historiador; o que fez o solo receber as sementes é outra mais complexa”. Por que tantos aceitam ideias de ateus famosos? Três períodos assinalam a clara ascensão do ateísmo: século 18, logo antes da Revolução Francesa; século 20, um pouco anterior à Revolução Russa; e agora.
O que acontece no mundo e no Brasil é uma escalada assustadora de conflitos. Não é difícil perceber que, em nosso caso, temos uma cultura política de violência. O que se promete, não se cumpre; leis ficam só no papel, justiça capengando. A não crença nos poderes para atender a reivindicações populares estimula atos predatórios. Faltam lideranças capazes de
representar os anseios do povo.
Situação trágica a aguardar quem decifre o enigma a propor: o da  mente política.
A peste emocional a medrar pode atingir raias imprevisíveis.
Deus morreu? Como viver sem mistério? O que nos torna humanos é a espiritualidade. Ela explica, nos comove e inspira. Os tradicionais crentes e não crentes já eram. Existem os supernaturalistas, que acreditam no estritamente materialista e os autocriadores, que dão à mente humana o poder de esclarecer sobre os aspectos da existência. Ocorre uma convergência aí?...  Mesmo que clandestina? Acreditar piamente em livros de fé ou nos supernaturalistas modernos, voltados para algo maior do que a matéria conhecida, o que foge a uma descrição puramente racional. “Os supernaturalistas respondem à emoção indescritível da experiência humana”, como diz Marcelo. Agora, os autocriadores também experimentam a fé, já que todos possuem resquícios de vida espiritual. Sempre se busca algum tipo de transcendência por meio de atividades diversas. Na adoção de rituais secretos, na ida à igreja, a templos e a sessões espíritas, nas corridas em trilhas, surfando ondas, escalando montanhas, lendo poesia ou obras psicografadas, no culto aos orixás ou na prática da meditação transcendental até em situações as mais inusitadas. Acontece um mistério que todos confrontamos, havendo pessoas que há tempos desvendaram o oculto entre a vida e a morte. Penso em noções para quem a vida sempre continua, mesmo nos extremos da existência, prosseguindo em outras dimensões. Até falar em “mistério” e “magia” sugere camuflagem como satisfação social para se proteger da alcunha de ateu ou de agnóstico, hoje com outras nuances. Apetite para conforto e maravilhamento, sob a égide da espiritualidade. Sem amor e solidariedade; sem aceitar a transcendência ou a imortalidade não nos tornamos mais humanos.    

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